Matta e Silva: Linguagem Cifrada, Somente Para Aquele Que Não Quer Ver
É realmente interessante a tese que preconiza um suposto encaminhamento por parte de W. W. da Matta e Silva de ter apresentado em sua literatura, uma ´´linguagem cifrada ´´ ou ´´decodificada´´. Muitos problemas no campo do conhecimento surgem, quando somente um elemento de referência é utilizado como norteamento para a construção do saber. Todavia, no que se relaciona tanto com a obra de Matta e Silva quanto no que foi consolidado espiritualmente por ele nas coisas da Umbanda quando se fala da sua prática, a oportunidade de se ter algumas referências que falam a mesma língua, mostram como o princípio espiritual imutável pode, sem contradição, manifestar-se harmonicamente no sociológico variável.
Em outras palavras, diversos relatos vindos daqui, do Rio de Janeiro, com pessoas que estiveram em Itacuruça e foram integrantes ativos da TUO, atestam com clara homogeneidade, o perfeito alinhamento de Matta e Silva entre o que ele preconizava em sua literatura e a sua prática ritualística nas areias de seu terreiro. E assim foi, até a ultima gira na qual minha avó como médium integrante estava presente. Ela relata que na última manifestação mediúnica de Pai Guiné, ele se dirigiu a corrente de médiuns com votos de luz para a caminhada de todos, o que ficou posteriormente entendido que se tratava de sua despedida, ele foi oló, e foi só, nenhum sucessor foi mencionado, nem antes e nem mesmo neste derradeiro momento.
Questionamos:
SERÁ QUE O ASTRAL APÓS LANÇAR NOVAS LUZES DE COMPREENSÃO ATRAVÉS DE MATTA E SILVA, RETORNARIA DÉCADAS DEPOIS DEFENDENDO O QUE OUTRORA FOI ALVO DE SUA RETIFICAÇÃO?
Respondemos:
ISSO É ILÓGICO, E DENTRE TANTAS OUTRAS CONTRADIÇÕES, ISTO SERIA DESPERDIÇAR UMA ENCARNAÇÃO INTEIRA DEVOTADA A UMBANDA.
Entendemos que os ensinamentos preconizados por Matta e Silva, estabelecem dentro de certa perspectiva, uma via descendente. Isto é, o Astral Superior interpenetra os planos e subplanos com suas vivências e concepções inacuradas, deturpadas, distorcidas, confusas e portanto, incompatíveis com o momento evolutivo da coletividade em questão. Esse processo ocorre como sabemos, dentro de uma intervenção coordenada pela Lei, na qual os Prepostos Espirituais desses Planos de Luz (nossos Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças) adaptam sua abordagem, no sentido de promover aos poucos, uma espécie de desmame gradual de paradigmas errôneos em toda uma massa aferrada à práticas atávicas, confundidas como Umbanda, ao mesmo tempo em que vão infundindo da mesma forma gradualmente, novas concepções.
Assim, Matta e Silva sempre salientou a necessidade de um processo de acomodação e adaptação, dentro do que essas Entidades estavam revelando, afim de que os conceitos mais pertinentes à Realidade Espiritual da Umbanda neste ciclo, pudessem ser absorvidos com o máximo de aproveitamento por parte de sua massa de adeptdos.
Pois sendo ainda hoje enorme a distância, entre a teoria preconizada pela Corrente Astral de Umbanda através de Matta e Silva e a prática oficializada nos terreiros ditos de Umbanda sobretudo, porque essa diferença diz respeito ao nosso grau de consciência das coisas Espirituais, nos parece que mais do que qualquer outro tipo de mudança, o Astral Superior espera aquela proveniente da nossa reforma íntima.
Portanto, muita coisa está em jogo quando se fala de Matta e Silva, e assim, o que seria de fato procedente eram as pessoas que desejam distorcer o seu legado, assumirem às suas concepções como sendo de sua inteira responsabilidade, especialmente no que concerne a AUTORIA das mesmas, deixando Matta e Silva fora disso, estabelecendo desse modo total solução de continuidade entre elas e ele. Pois se o julgam ultrapassado, estão livres para seguir sem ele com seus conceitos, agora se necessitam dele para alavancar sua projeção social já é outra questão.
A pessoa pode não ter conhecido pessoalmente Matta e Silva, ela pode não ter sido iniciada ou não ter sido filha do santé dele, contudo, sua mensagem é cristalina. É ler para entender que um médium de fato e de direito da Corrente Astral de Umbanda, não troca sua roupa branca por ´´desfiles da última moda do santo´´.
Matta e Silva não escreveu suas 9 obras para depois rasgá-las e lançá-las no esquecimento.
Santa Paz
Tarso Bastos
