O comportamento não-verbal: ele sempre fala mais do que as palavras, simplesmente, porque vai muito além delas
Um dos maiores estragos que segue com plena força, deteriorando, desmantelando, desconfigurando e dilapidando, para talvez, se dizimar o cerne da prática, do que ficou concebido a partir de Matta e Silva como Raiz de Guiné, diz respeito ao entendimento de: iniciado e iniciação na Lei de Umbanda.
Eis que o imaginário popular, incessantemente robustecido pela cultura de massa imponderada, financiada por sua vez, pelo ego encarcerado em seus delírios de poder, a fim de supercompensar o seu complexo de inferioridade, promove um crescente retrocesso das concepções que foram duramente plantadas pelo velho Matta sobre à Umbanda Esotérica, aos planos do atavismo, outrora combatidos por ele, com as armas da lógica, substanciadas pelo conhecimento iniciático sintetizador na Luz dos diversos saberes, em composição com um real selo mediúnico no contexto de uma missão verdadeiramente vivenciada na sua essência.
Em outras palavras, o que fora alvo de uma ampla retificação por parte de Matta e a Silva, está em nossa era eclodindo na própria Umbanda Esotérica, com a velha força atávica de sempre através da proliferação de vasos condutores dos mais baixos desejos e paixões, que procuram de qualquer forma se exteriorizar sob a capa de uma iniciação, sobremaneira reconhecida e adulada no patamar social. Quer dizer, não basta ser iniciado, a iniciação deverá ser banalmente socializada nas redes sociais para que haja uma efetiva projeção e fortalecimento sistemático do ego.
Eis aí a contradição: a iniciação remete o indivíduo para o seu interior, às custas de lágrimas, de dor e de muito trabalho, os quais levam sistematicamente a negação do ego, deixando ele completamente de lado com relação a autoria nas obras espirituais, para dar lugar a Presença da Totalidade Regente.
Assim, se faz presente muitos questionamentos a cerca da exposição frequente nas redes sociais, de certas atitudes de indivíduos que subvertem o caminho da iniciação, ao articularem ela com a perspectiva de destaque social. Assim observamos:
A - Que dizer das atitudes que trazem destaque, evidência e distinção para o ego, ao se valer das coisas da iniciação na Umbanda?
B - Que dizer da atitude que faz da iniciação, um palco para a obtenção de aplausos da massa?
C- Se você é daqueles que gostam de fotografar sua iniciação, deve-se questionar: a quem você está servindo nesse comportamento? Se não é para a satisfação do seu ego consumista em busca de "likes" no Facebook, para o quê é então?
Eis que esses vasos condutores da força vital narcísica, que impulsiona o ego em seu materialismo espiritual patente, seguem se expandido e se aprofundando no inconsciente coletivo da massa umbandista, buscando desse jeito satisfazer as carências afetivas distorcidas mais internas das pessoas, sem qualquer tipo de contraposição, de maneira que estes vasos, vão constituindo anastomoses com tudo aquilo que pode ser conectado às coisas referentes ao esoterismo da Umbanda que estejam visíveis. E o combustível para esta trama nefasta de condutores do baixo astral lograr sua expansibilidade é a velha tríade, apresentada pelo velho Matta, a qual comporta segundo ele, os protagonistas do fracasso do médium: vaidade, sexo e dinheiro.
Por conseguinte, acreditamos que nesse ponto no qual as coisas se encontram, a Umbanda Esotérica, passa à integrar a narrativa do; "condomínio sem sindico, onde cada um faz o que quer".
Muitos dos moradores desse condomínio falam de humildade, contudo sustentam um patente comportamento não-verbal de vaidade, com intrincadas concepções narcísicas, que conseguem criar muito bem uma moldura bem aparente de modéstia e humildade por onde, contudo, veladamente exteriorizam suas necessidades personalísticas de controle e dominação, todavia com uma gênese profunda na carência de atenção e adulação, embora sustentem um discurso de simplicidade nas coisas da Umbanda, junto a determinadas práticas ou atitudes que corroboram com o que é explicitado pelas palavras, as quais buscam uma comoção ou mobilização geral para suas causas.
Ora, com o tempo uma observação mais acurada, poderá descortinar a seguinte questão em toda essa questão:
- Esse indivíduo embora fale muito de humildade, de simplicidade ou de modéstia, não consegue fechar um quadro de pureza de intenções suficientemente claro, coerente e íntegro, que satisfaça à concepção de que: ele segue por um bom caminho, dentro daquilo que se propõem a fazer para bem de todos.
Santa Paz
Tarso Bastos