19- Os dois Mestres.

 

Matta e Silva por Ivan H. Costa (Itaoman) e Mario Tomar (Yassuami)

 

 

No encerramento deste belo depoimento dado por Mario Tomar, compartilho aqui um encontro no qual eu e meus irmãos Rogério Corrêa e Ricardo Martins tivemos a oportunidade de ter com Ivan Horácio Costa (Itaoman), o mais antigo mestre de iniciação vivo da chamada Raiz de Pai Guiné D´Angola, e Mario Tomar (Yassuamy), também mestre de iniciação sagrado nesta raiz e, outrora pai pequeno de Matta e Silva, quando este último ainda estava no comando do congá da Tenda de Umbanda Oriental em Itacuruçá.

Nesta ocasião, Ivan Horácio e Mario Tomar, dentre vários assuntos abordados, nos contaram sobre a relação de Matta e Silva com o Jogo do Ôpón e do Ôpêlê Ifá. Relatou-nos que Matta e Siva, além de tradicionalmente prestar assistência espiritual por meio da mecânica de incorporação nos dias de sessão em seu terreiro, também era bastante procurado no seu cotidiano em Itacuruçá, por várias pessoas que de alguma forma buscavam através de sua mediunidade, orientações, soluções e socorro espiritual para seus males.

Relatou-nos os dois mestres antigos da TUO, que no atendimento deste público, fora das sessões do terreiro, Matta e Silva usava preferencialmente ao Opelê de Ifá, uma simples vela acesa e um copo com água ao lado.

Todavia, os dois mestres em seus relatos, ponderaram em plena concordância, que Matta Silva poderia de certo modo dispensar até mesmo a tal vela e o copo d´água. Pois, tamanha era a penetração e a amplitude de alcance que sua irradiação intuitiva proporcionava, em relação a determinadas informações, aliadas a uma tradução e expressão precisas desses conteúdos informativos, os quais eram repassadas pelos seus mentores astrais, que o objetivo daquilo que tinha que ser comunicado era satisfatoriamente alcançado com simplicidade e eficiência.

Dentre esses mentores astrais, eles destacaram o Mestre Yapacani, que atuava preferencialmente através da intuição e algumas vezes pela mecânica de incorporação. A questão desta Entidade espiritual e da relação de seu nome com Matta e Silva pode ser brevemente apreciada no site Umbanda do Brasil (https://umbandadobrasil.no.comunidades.net/a-vida-e-a-obra-do-mestre…).

O que é importante destacarmos neste relato vivo, feito a partir de duas personalidades reconhecidas aqui, de forma justa, como referências históricas, isto é, cada qual com mais de 40 anos de vivência do ponto de vista ´´de dentro para fora´´, na Umbanda Esotérica como iniciados que são, é a mediunidade como aspecto central dentro da manifestação da Umbanda no plano físico, e os oráculos dispostos dentro de uma perspectiva relativamente periférica, conforme atesta a própria vivência iniciática de Matta e Silva, narrada por estes filhos mais velhos do seu santé.

E a vivência de Matta e Silva externa ainda uma profunda lógica no contexto da evolução espiritual, analogicamente observada na própria trajetória evolutiva da mediunidade na Umbanda. De modo que no correr da linha do tempo, os primeiros médiuns, pontas de lança da Umbanda, que figuravam seus transes mediúnicos preferencialmente dentro da mecânica de incorporação inconsciente, pouco a pouco passaram a dar lugar à modalidade incorporativa semi-consciente, e esta, por sua vez, tem cedido cada vez mais espaço à irradiação intuitiva, até finalmente podermos acessar diretamente à Divindade, realizando o Cristo em nós por meios próprios e inerentes à nossa consciência, passando a ser esta, a plena expressão da verdade.

Dessa forma, nosso encontro foi encerrado com às seguintes palavras de Itaoman:

"Nós não fazemos mestres, nós ajudamos a resgatar o mestre interior de cada um quando possível."

 

Obrigado pela oportunidade,

 

Santa Paz

 

Tarso Bastos