Umbanda Esotérica: iniciação não é receita de bolo
Rio de Janeiro, 26 de Maio de 2016.
Transportemos a seguinte questão que figura, dentre outras mais, como central no campo da aprendizagem, para a vivência, a experiência e a busca do saber nas coisas de Umbanda:
- Será que uma pessoa aprende a falar espontaneamente, ou será que é preciso haver condições específicas para que isso ocorra?
Certas linhas que estudam a aquisição da linguagem nos falam sobre a interação de condições inatas com os elementos sociais, para que a linguagem se estabeleça com sucesso, de forma que ambos são fundamentais. Do mesmo modo, falamos aqui, que o crescimento espiritual do indivíduo só depende dele por uma lado, mas por outro, ele também é interdependente na medida em que: ninguém vive e aprende exclusivamente sozinho as coisas da vida.
Levemos essas questões para o campo da iniciação na Umbanda e questionemos: será que basta passar um ritual de descarga na encruza ou explicar este ou aquele Sinal de Pemba, tal como se faz com uma receita de bolo, para que o indivíduo esteja de súbito, capacitado a lidar com as demandas que surgem no campo de lutas presentes no terreno agreste da Umbanda?
Uma coisa está clara: se as próprias obras do velho Matta sofreram certas alterações arbitrárias e irresponsáveis, que dirá certos ensinamentos e chaves de magia que não foram publicados nelas - pois ficaram resguardados à orientação direta e mais próxima do próprio Matta Silva, justamente pela delicadeza que envolve a orientação iniciática.
Certos pontos riscados, certas orações cabalísticas, certos trabalhos de descarga e imantação foram sumariamente alterados e deturpados na era pós Matta e Silva, somente á titulo de reafirmar a vaidade e o subsequente desejo irrefletido de dominação, daqueles que deveriam ter sido seus fiéis depositários e assim, traíram seus compromissos firmados ao Pé da Santa Cruz em troca de se sentirem "um alguém importante" em nossa sociedade. Logo, a Umbanda pode servir de trampolim para isso. O problema neste caso, é que encarar a Umbanda como um trampolim, significa que a Umbanda foi pisada e golpeada para que o sujeito pudesse ser projetado, para com isso alçar os seus supostos vôos...,todavia, neste caso, não haverá suporte para acomodar a queda do dito aventureiro, de modo que o encontro com o chão, será o encontro com a verdade, nua e crua.
Aqueles que forem chegando para caminhar na Banda de Guiné terão muito mais trabalho para separar o joio do trigo de certa forma. Muita coisa foi e continua sendo embaralhada.
Todavia, um certo aspecto continua constante nisso tudo, e pode ser valioso e assim ajudar de certa maneira o iniciado, caso ele estiver resguardado na pureza de suas intenções, ou seja; como pode-se verificar em qualquer momento histórico nas coisas da espiritualidade, aqueles que mais bradam por atenção, aqueles que são os primeiros a dizerem que são os "tais", que são "o carro-chefe do movimento", aqueles que mais querem aparecer a todo custo, SÃO OS QUE MAIS DETURPAM E CONFUNDEM O CAMINHO ESPIRITUAL DOS OUTROS.
Esta, tem sido a via de regra da derrocada dos Templos Iniciáticos, esta foi a sistemática que em tempos remotos, colocou a própria Atlântida no fundo do Atlântico, pois tudo tem um começo.
Porquanto, se por um lado, nosso caminho espiritual somente depende de nós mesmos e por outro, a interdependência é imprescindível, neste último, devemos estar de olhos bem abertos perante os dados, as informações e os conhecimentos que chegam até nós, a priori, sob o nome de Raiz de Guiné ou de Umbanda Esotérica, pois no presente momento, certas fronteiras que demarcavam o que fora deturpado e o que ainda se conservava imaculado segundo os fundamentos Relígio-Científicos da Umbanda, simplesmente perderam-se..
Santa Paz
Tarso Bastos