Exu, "orixá telúrico"?
Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 2018
Muito temos escutado sobre o qualificativo de Exu como sendo uma espécie de "orixá telúrico", de modo que essa qualificação seria até mesmo supostamente aceita na Raiz de Guiné...
Respeitamos outras leituras que qualificam Exu como Orixá. Mas na Raiz ela não procede, pois a sua forma doutrinária esotérica estabelece outro tipo de conceito.
Em outras postagens apresentadas em redes sociais demos o exemplo explicitado por Matta e Silva na sua obra Lições de Umbanda e Quimbanda, onde ele menciona um registro feito pelo Capitão Lauro, o qual fora colhido através de uma conversa que ele teve com um Preto Velho de nome Pai Ernesto de Moçambique -- registrado há décadas atrás na Tenda Estrela do Mar em Irajá, Rio de Janeiro.
Segundo este preto-velho o nome Exu "é coisa da terra", isto é, leva a entendermos que teve sua gênese no plano físico, sendo as Entidades conhecidas como Exus assim qualificadas como agentes mágicos em função cármica disciplinar, portanto na condição de elementares.
Ou seja, como elementares, se entende que estão em ciclos de evolução mais fundamentais, ainda não libertos da chamada paralela cármica passiva da Umbanda.
Neste caso, a condição de Chefe de Legião seria a última etapa para se findar este processo evolutivo-cármico na Quimbanda, para daí, de fato se libertarem dessa condição disciplinar.
No caso dos Orixás ou Vibrações Originais que atuam no nosso sistema planetário (os 7 Orixás da Lei de Umbanda), nas leituras feitas pelo Matta para a iniciação na Raiz de Guiné, esses Orixás Maiores são revelados como potências espirituais, que se manifestam em vários planos de nosso sistema planetário, por via dos próprios Espíritos a eles ligados (formando por cima a Corrente Astral de Umbanda) e por via das linhas de força (Tatwas), que são 7 e possuem correspondências com cada um desses 7 Orixás, as quais, por seu lado, organizam desde o macro ao microssistema planetário um regime matemático setenário de expansão vibracional interplano, portanto multidimensional, formado dessa forma por um colossal contingente de Espíritos militantes que se entrosarão em cada uma dessas 7 vibrações planetárias originais segundo a Lei de Umbanda.
Na lei de Umbanda, por exemplo, conforme preconizado na escola da Raiz, o Orixá Ogum ou a vibração original de Ogum, se fará presente e funcional através desses veículos ou dessas consciências, que são as próprias Entidades de orixás-menores, guias e protetores militantes na vibração original de Ogum, os ditos Caboclos de Ogum, atuantes de forma mais preponderante nas paralelas ativas, de modo que através desses Caboclos a manifestação dessa vibração original ou do Orixá Ogum chegará até os seus agentes mágicos executores ou guardiões no terra-a-terra, atuantes na paralela passiva, ditos como Exus Tranca Ruas, Exu Limpa Trilhos e outros guardiões da Linha de Ogum... de modo que, através desses Exus a Vibração Original de Ogum, por seu turno, se fará assim presente em ações e reações cármicas coordenadas de cima para baixo nos planos astrais inferiores por intermédio da atuação desses guardiões, que assim sendo, são qualificados como portadores de ordens e direitos de trabalho para fiscalizarem esses planos e subplanos astrais.
Portanto, os chamados Exus de lei, com ordens e direitos de trabalho estendidos pelos Caboclos, Pretos Velhos e Crianças, enquanto serventias deles, estão antes de mais nada circunscritos a vibração original do Orixá correspondente a sua faixa vibratória de atuação, a qual irá engendrar na lei, a estrutura hierárquica evolutiva desses Exus no plano da Quimbanda, a fim de serem na lei e pela lei reajustados nessa função cármico-disciplinar.
Neste sentido, dentre outros, não se fala na Raiz de Guiné em Exu como "orixá telúrico", já que a atuação dos 7 Orixás se faz em nosso sistema planetário de modo multidimensional, de plano a plano, ou seja: penetrando todos os planos, desde os mais sutis e sublimes até o mais grosseiro e nauseabundo dos planos (vide a viagem astral narrada pelo Matta em companhia de um guardião as covas do baixo astral) através dos veículos com evolutivos que se fazem operantes em cada um desses planos.
Logo, a dita atuação telúrica, no sentido de atuação majoritária de Exu no "plano terra" ou físico, não é supostamente exercida preponderantemente a partir do comando de uma força ou de um veículo especializado nesse mister, dito como "orixá telúrico" que nessa leitura totalizaria a função de Exu na Umbanda, e sim realizada pelos 7 Orixás Maiores da Lei de Umbanda ou pelas 7 vibrações originais de cima para baixo, de plano a plano, através dos veículos cognoscentes que são as suas Entidades Militantes, até se chegar ao plano físico, dentro de um sistema integrado e interdependente por via dos entrecruzamentos vibratórios que se dão entre essas 7 linhas, que embora seja setenário, em suas 7 variantes de vibrações originais, possuem convergências profundamente entrelaçadas na Lei Una, sendo por esta Lei encerrados em suas movimentações mágicas.
Então, os Exus na lei de Umbanda, conforme ensinado na Raiz de Guiné, levam a luz e a lei para os seus respectivos planos inferiores de atuação, todavia, cada qual debaixo de uma das 7 Vibrações Originais dos 7 Orixás Maiores do nosso sistema planetário, enquanto seus guardiões atuantes nestes planos e subplanos do baixo astral, e não debaixo de um único "orixá telúrico".
Santa paz
Tarso Bastos