41- O Vácuo Iniciático da "Convergência"

                             O Vácuo Iniciático da "Convergência"

 

 

Rio de Janeiro, 08 de março de 2017

 

Sempre oportuno relembrar que, até o momento, as mudanças com a pretensão de repaginar a Raiz de Guiné, partem, tão somente, de pressupostos encontrados nas diversas ciências humanas.

 

Do ponto de vista relígio-científico, onde encontramos a Lei do Verbo com suas complexas articulações por via da Lei de Pemba, sobretudo, vigentes na estrutura dos conhecimentos do Tuyabaé-Cuaá dos nossos ancestrais indígenas da era pré-cabralina e dos antiquíssimos Babalawôs da raça negra -- praticamente ainda desconhecidos --, tal pretensão não foi de maneira alguma positivamente elucidada pelos "inovadores" da Raiz.

 

Em suma: no plano configurado a partir da perspectiva facultada pelas ciências humanas, esses vários laços de ligação (quais sejam; por meio de elementos culturais, linguísticos, ideológicos, religiosos e míticos) são factíveis de serem observados entre a Raiz de Guiné e as diversas concepções de Umbandas e outras expressões de Religiões Afro-Brasileiras, a ponto de se poder falar de um processo de convergência entre elas, a partir de determinada perspectiva.

 

Todavia, a grande questão é que, até o momento, nenhuma solução foi trazida ou muito menos sequer explorada, a partir da perspectiva que se fundamenta na dimensão da Proto-Síntese Relígio-Científica Cabalística e Esotérica da Ancestralidade da Lei de Umbanda do Brasil propriamente dita, especialmente, elucidada pelas obras de Matta e Silva sobre o seu lado interno, por intermédio da grafia dos sinais riscados na Lei de Pemba, de modo que, o dito vácuo iniciático surge com a seguinte contrapartida: como essa pretensão de convergência, de "retificações" e "ratificações" são definidas e ganham funcionalidade relígio-científica da Corrente Astral de Umbanda para o nosso plano físico nos seus espaços vitais de expressão?

 

Um vácuo iniciático expressivo segue presentificando essas questões não solucionadas. Conhecemos certos sinais da Lei de Pemba, mas na sua forma estática limitada pelas nossas infantis convicções sobre magia de Umbanda. O conhecimento do fluxo dinâmico movimentado pelas forças que partem dos quatro cantos do mundo e são, de quando em quando, "fotografados" por uma Entidade de Lei em uma simples tábua de madeira com um singelo giz, para ajudar seus filhos de fé, segue totalmente insondável em seus mistérios.

 

Por conseguinte, ao falar desse fluxo cósmico como matriz de regulação cármica da vida, coordenado pela Corrente Astral de Umbanda em suas paralelas ativa e passiva, em seus movimentos de ação e reação no mundo astral e carnal, chamamos atenção para o seguinte: entendemos que a pretensão de se encaminhar a dita convergência religiosa da Umbanda com as demais Religiões Afro-Brasileiras, juntamente com as tentativas de mudança da narrativa essencial de Matta e Silva, até podem ser levantados ou explicados com certa validação pelas ciências humanas, com o intuito de "normalizar" nos entendimentos, esses elementos de convergência citados, a fim de, ressignificar esses entendimentos sobre a Raiz de Guiné. Contudo, traduzir essa pretensão na chamada Lei de Pemba em seus movimentos dinâmicos e explicar isso no plano da Proto-Síntese Relígio-Científica da Lei de Umbanda é simplesmente algo que de modo algum foi realizado -- ao que parece, nem mesmo nos mais sutis devaneios de seus pretendentes.

 

Santa Paz

 

Tarso Bastos