54- Mestre de Iniciação na Raiz --breves reflexões

Mestre de Iniciação na Raiz -- breves reflexões

 

Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 2018

Ao entrar em vários debates nas redes sociais onde se discutem as obras de Matta e Silva, percebe-se com frequência certas incongruências ou equívocos em leituras sobre certos fundamentos, elementos e denominações usados na Raiz de Guiné.

Por exemplo, a de que a denominação mestre de iniciação atribuída na Raiz de Guiné por Matta e Silva, seria tão simplesmente um modismo ou uma concepção identitária recentemente nova em sua rito-liturgia, portanto, por ele inventada a fim de se dar um ar mais arrojado as coisas da Raiz, alegando, por conseguinte que o nome mestre comumente não surge do mesmo modo ou não ganha funcionalidade em outros segmentos religiosos no Brasil como assim se verifica na Umbanda Esotérica.


Assim, nessa questão, nos recordamos que certa vez ouvimos: que não se pode tomar o todo pela parte...

 

De fato o nome "mestre" pode até ser usado relativamente de forma mais restrita na Umbanda Esotérica e, por exemplo no chamado Culto da Jurema em relação as outras modalidades de cultos religiosos, mas, com relação a ideia ancestral que este nome carrega consigo no contexto religioso, ao contrário, creio que esta possui muitas similaridades quando se tratam do sentido atribuído ao líder religioso ou sacerdote dos cultos, quais sejam: os Pajés,  os Babalawôs e outros mais e, atualmente na Umbanda Esotérica, em relação ao chamado mestre de iniciação. 

Pajés e Babalawôs no passado inciavam seus filhos nos erós de suas tradições, zelavam espiritualmente por seus agrupamentos por intermédio da terapêutica com recursos da natura-naturandis, da defesa mágica contra os males astrais e humanos e pela via oracular a fim de ampliar as perspectivas estabelecidas no passado e/ou no presente.

 

Ora, de certa forma, do mesmo modo, se constituem os mestres de iniciação na atualidade da Umbanda Esotérica: então, a ideia é muito próxima e de certa forma transcende a questão do nome mestre ser usado tão somente nas duas linhas de culto citadas, pois acredito que o sentido seja o mesmo, já que, quem prepara de fato e de direito o mestre de iniciação na Umbanda são os Pajés (Caboclos) e Babalawôs (Pretos-velhos) do passado. 

Assim sendo, ao não se tomar o todo pela parte e a forma pelo conteúdo nessa questão, dentro da Umbanda, a essência que movimenta isso tudo na figura do Babalawô, do Pajé ou do mestre de iniciação é a mesma, sobretudo, quando não nos prendemos tão somente às nomenclaturas que são, por um lado, muito mais elementos transitórios daqui do plano terra...

 

Santa Paz

 

Tarso Bastos