Aspectos Históricos da Umbanda - A Guardiã

A verdadeira Guardiã dos Sagrados Mistérios da Cruz e o significado da palavra umbanda

Conforme já citamos, foi imperiosa a manifestação da Corrente Astral de Umbanda, através de seus Guias e Protetores, por dentro dessa massa de crentes cujo alcance mental ainda se conservava preso ao atavismo milenar.

Essa imensa coletividade vinha calcando a sua mística e as suas práticas segundo a herança deixada pela pajelança, prática degenerada das sub-raças indígenas, mas, principalmente, pela linha africanista, ou melhor, pelas sub-condições decorrentes da degeneração do culto africano puro (que nem puro mesmo chegou ao Brasil, através dos escravos) e ainda deturpada com a influência de outros cultos dos santos católicos.

A misericórdia divina houve por bem socorrer essas ovelhas do grande rebanho do Pai, porque essa coletividade está ligada ao carma da raça, aos elos da Tradição e da corrente genuinamente ameríndia que, no astral é guardiã dos “sagrados mistérios da cruz”, corrente essa, nascida, criada e vibrada pelo Cruzeiro do Sul – o Signo Cosmogônico da Hierarquia Crística.

A partir daí nasceram as primeiras providências de ordem direta, quando surgiram as primeiras manifestações dos caboclos, para depois “puxarem” as dos pretos-velhos, visto ter havido necessariamente uma adaptação mais pendente para o dito africanismo do que para o indígena.

Na Corrente Astral de Umbanda identificamos a ancestralidade do Brasil e da sua original religião, como a verdadeira Guardiã dos Sagrados Mistérios da Cruz, ligada àquela mesma corrente de Altos Mentores Astrais, que expressa e relaciona o mesmo Tuyabaé-cuaá – a sabedoria do Velho Sumé ou dos antiqüíssimos payé.

Devemos notar que 5 são as Vibrações de Caboclos, 1 de Preto Velho e 1 de Criança. Portanto, a supremacia do núcleo vibratório genuinamente ameríndio se impôs, pois a linha mestra saiu daqui, do Brasil, não veio de lá.

Os rituais de nação que os escravos negros fizeram ressurgir no Brasil mereceram vasta observação e estudo de muitos pesquisadores[1].

Embora o excelente trabalho de pesquisa em suas obras, pois todos eles registraram o que encontraram no que se refere a conceitos místicos e os termos sagrados com seus significados, nenhum desses pesquisadores, antropólogos, etnólogos, etc. registraram o termo Umbanda e nem mesmo o de Quimbanda ou Kimbanda.

Vale ressaltar também que nenhum culto, seita, ritual, ou seja, nenhum sistema religioso foi conhecido ou praticado com a denominação de Umbanda em terras africanas, como Angola, Moçambique ou ainda Catembe ou Magude, consideradas como a Meca do curandeirismo africano.

Portanto, ao contrário do que defendem certos escritores afeiçoados ao africanismo, a Umbanda não teve origem na África.

O termo Umbanda perdeu o seu significado real nas chamadas línguas mortas, todavia, a raça africana, por intermédio de seus sacerdotes iniciados, guardou mais ou menos sua origem e valor. Porém com o transcorrer dos séculos, foram dominados, e seus ancestrais que guardavam a chave-mestra desse vocábulo Trino desapareceram, deixando uma parte velada e outra alterada, para seus descendentes que, na maioria, só aferiram o sentido mitológico, perdendo o pouco que lhes fora legado.

A palavra UMBANDA implantada para servir de bandeira a esse novo movimento, identifica a força e os direitos de trabalho dessa poderosa Corrente, que assim passou a se denominar Corrente Astral de Umbanda.

A Umbanda representa as Leis de Deus, pela palavra do Cristo Jesus – o Regente de nosso planeta Terra.

Umbanda é um termo litúrgico, sagrado, vibrado, que significa, num sentido mais profundo – CONJUNTO DAS LEIS DE DEUS, porque tem por escopo, dentro do meio Umbandista, implantar no coração de seus filhos de fé essas citadas leis.

A Umbanda tem como vértice de sua razão de ser, desde eras primitivas, a exteriorização periódica ou por ciclos. Ressurgiu na atualidade, assim como fizera no passado entre os Atlantes, os Maias, os Quíchuas, os tupy-guarany e os Tupy-nambá da época pré-cabraliana, bem como, há milênios, no antigo apogeu da raça Africana, que conservou dentro da tradição oral até nossos dias, farrapos desta Doutrina.

É a primitiva síntese relígio-científica, cujas derivações podem ser identificadas nos diferentes sistemas religiosos (pelo aspecto esotérico) de todas as raças.

A palavra Umbanda não foi criada pelos humanos, foi relevada por esses espíritos de Caboclos e Pretos-Velhos, primeiro, através de certos pontos cantados, para firmar, com a força mágica de seus sons[2] ou sílabas, certas correntes vibratórias e mesmo, para servir de Bandeira a esse Movimento. E logo foi sentida a magia que ela despertava nos filhos dos “terreiros”.

Porém, há mais um significado profundo nesse vocábulo: a palavra Umbanda representa ou simboliza a “chave” de antiqüíssimas iniciações ou ordens. É a única chave, atualmente, que abre “portas” aos verdadeiros conhecimentos da perdida Lei do Verbo.

Essa Lei é representada por sinais cabalísticos, de força mágica, tradutores de sons divinos – esses que dominam os elementares. Hoje, nenhuma corrente usa esses sinais, mesmo esotericamente. Conservaram apenas os símbolos simples, dados na Cabala - o círculo, o triângulo, a cruz, etc., assim mesmo com os respectivos significados esotéricos comuns. As suas posições astrológicas e correspondentes sons se perderam. Porém, na Umbanda, eles existem e são usados na forma real de seus movimentos. Além disso, é a única corrente que usa outros sinais, completamente desconhecidos nas outras correntes, chamados de lei de pemba, riscados por nossas Entidades protetoras.

Então, o termo UM-BAN-DA, contendo em si um sentido tríplice-oculto, traduz, de acordo com a Lei do Verbo, o seguinte: Conjunto de Leis de Deus.

Em linhas gerais, portanto, Umbanda representa as Leis Eternas que atuam na coletividade umbandista, a afim de regular e impulsionar a sua ascensão, tudo sob a guarda direta dos espíritos escolhidos para esse mister: os chamados de caboclos, pretos-velhos e crianças, também.

O Panorama Umbandista

Por ser sincrética em sua formação, do ponto de vista histórico, a umbanda se apresenta sob diversas formas ritualísticas e, ao contrário da opinião de outros religiosos, isso não a enfraquece doutrinariamente e não a deixa menor do que qualquer culto ou doutrina mediúnica.  Lembremos que a diversidade é da natureza universal, pois nada é igual no Cosmo, nem mesmo as folhas de uma única árvore.

Desta forma, a Umbanda se apresenta como a mais universalista e convergente das religiões existentes no orbe e isso contribui para que ela exerça uma atração quase irresistível para o povo.

Nela os fenômenos da mediunidade surgiram como uma espécie de alavanca que sustenta e movimenta os terreiros, exercendo uma espécie de “força misteriosa” que atrai e agrada as pessoas de todos os entendimentos.

A Umbanda é uma Religião genuinamente popular, e isto se dá por vários fatores importantes:

  1. Pela absoluta tolerância e ausência de qualquer preconceito de cor ou de raça, pois não se pergunta ao necessitado de onde vem ou a que religião pertence etc.,
  2. Pela riqueza de sua liturgia, isto é, pela variedade de seus rituais, onde cada um se identifica, segundo seus graus de afinidade.
  3. Pela manifestação dos fenômenos da mediunidade, a par com a fama que corre sobre tal e qual terreiro.
  4. Pelos aspectos mágicos, isto é, pela terapêutica astral com suas defumações, seus banhos, etc.

A Umbanda tem magia. Suas verdadeiras entidades sabem usar o segredo mágico dessa força. Eles são magos. 

Matta e Silva dividiu em três classes, o panorama umbandista:

PRIMEIRA CLASSE

A primeira classe é a que engloba o maior número de terreiros. É construída pelos seres humanos, onde cada um faz seu ritual, segundo o seu entendimento sobre Umbanda, baseado no que viu e ouviu em outros terreiros similares, onde predomina o sincretismo afro-católico.

Esses ambientes dão muito trabalho de fiscalização astral, de cima, devido ao seu volume, quantitativo e qualitativo, práticas de grosseiras oferendas e, principalmente, de riscar pembas, por impulsos, desconhecendo completamente a expressão mágica dos verdadeiros sinais riscados, causando assim, plena confusão na corrente mental e astral que se forma por força de tudo isso, envolvendo e atraindo forças do astral inferior, que passam então a dominá-los, visto eles não terem o conhecimento certo dessas coisas.

Nesses agrupamentos, a doutrina é quase inexistente, ignoram o Evangelho; mas o incremento da luz prossegue, por baixo e por cima, firme e serenamente, enquanto eles se ocupam mais em tocar seus tambores e bater suas palmas.

SEGUNDA CLASSE

A segunda classe vem com menor volume de agrupamentos e se prende àqueles que são mais elevados, mais simples; desejam praticar Umbanda, pautada nos ensinamentos evangélicos, no que eles revelam de mais necessário. Para isso, apelam para a corrente dos Caboclos e Pretos-Velhos, a fim de ajudá-los nesse mister.

Fazem um ritual suave, sem palavras, sem tambores. Aproveitam a força e a beleza de certos pontos cantados ou hinos, que sabem serem de raiz.

Esse é um dos aspectos aprovados pelo astral, dada a sinceridade de propósitos, desde que não saiam da faixa religiosa, doutrinária e mesmo de certa cautela com o lado fenomênico. Assim, com paciência, o astral tenta localizar algum aparelho mediúnico e, por ele, fazer positivas incorporações para estabelecer os Princípios ou Regras da Umbanda na teoria e na prática.

Nessa segunda classe, mesmo dentro da sinceridade, dos bons propósitos, contando até com filhos estudiosos, muitos egressos de outras correntes e religiões, são inúmeros os filhos que de repente se empolgam e fogem do âmbito religioso, doutrinário, começando também a praticar certos atos que pretendem ser de magia, por conta própria.

Porém, se eles não estão ordenados e capacitados para tal fim, se não têm o conhecimento que o assunto requer e ainda sem o beneplácito ou a garantia dos Guias e Protetores, para isso, são logo envolvidos pelas forças relacionadas e invocadas que, não encontrando elementos de garantia neles, tomam o campo, incentivam-lhes a vaidade latente, dessa ou daquela forma, atacado um ponto fraco qualquer. 

Em pouco tempo esses bons filhos criam o seu “cascãozinho”, que enrijece tanto, a ponto de vedar seu consciente à luz da humildade imprescindível ao bom umbandista.

TERCEIRA CLASSE

A terceira classe, com uma quantidade mínima de agrupamento, é a que se identifica com Ordens e Direitos de Trabalho. Isso acontece quando o astral tem ordem para agir sobre um legítimo médium. Aí, imediatamente estabelecem esses citados Princípios ou Regras da Umbanda, a par com a caridade que se vai praticando. Essa é a única classe capacitada a movimentar a terapêutica natural e astral, dentro da magia positiva, sempre para o bem comum e que se firma nos verdadeiros sinais riscados classificados como Lei de Pemba.

O contato dos Guias e Protetores com esses médiuns e aparelhos-positivos não se dá por via incorporativa, mas também via intuição, audição, vidência e mediunidade sensitiva.

E a terceira classe, também dá trabalho. Muitos, dentro das prerrogativas do livre-arbítrio, também se extraviam. E como já citado das condições negativas que existem, na primeira e segunda classe, nessa terceira classe, acontecem também graves fracassos, com esses aparelhos que recebem Ordens e Direitos de Trabalho.

Esses médiuns quando baqueiam, quase sempre acontece por causas morais.  Todavia, não confundir esse caso de médiuns fracassados, com os daqueles que tombam, exaustos pelo entrechoque das lutas astrais e humanas, em defesa de um ideal – numa missão de esclarecimento e de verdade.

Esses são amparados, jamais abandonados e curados de suas cicatrizes, para se reerguerem mais fortes do que dantes. Recebem o prêmio pelo esforço despendido, enfim, por todos os sofrimentos que passaram pelas traições e infâmias que perdoaram, quando lhes é dada a verdadeira Iniciação pelo astral e lhes confere o sinal, pelo selo dos Magos que surge na palma de suas mãos, a demonstrar-lhes que, de fato, “somente a verdade ficará de pé”.

A missão da Umbanda

Se processa nos céus vibrados pelo Cruzeiro do Sul, neste Brasil, um tremendo Movimento de Forças Espirituais. Esse tremendo Movimento de Hierarquias, através de seus Mensageiros, prepara condições adequadas no astral de nosso planeta, limpando e retirando os elementos nocivos: os espíritos bestializados, os egoístas, os avarentos, os viciados etc., que estão infeccionando as condições astrais e humanas neste fim de ciclo.

Isso está ocorrendo neste fim de ciclo porque, realmente, O CRISTO PLANETÁRIO vai descer, vai reencarnar-se e desta vez no BRASIL, nestas terras que estão sob a vibração do Cruzeiro do Sul.

E é a Corrente Astral de Umbanda que está preparando toda esta limpeza, diretamente, em uma possante ação de ampla envergadura, que envolve todos os Seres desencarnados e encarnados.

Todos os céus que vibram sobre o Cruzeiro do Sul estão cruzados e inteiramente guardados pelos quatro pontos cardeais, por legiões de espíritos de Caboclos, Pretos-Velhos, etc.

Tudo o que se pode entender como baixo astral já está cercado pela Polícia de Choque da Corrente Astral de Umbanda.

Nenhum movimento espiritual, religioso, espirítico, mediúnico etc., sério, está se processando atualmente, por estes brasis afora, sem a escora da Corrente Astral de Umbanda.

Seja qual for a Corrente Benfeitora que esteja formada, por trás dela estão os espíritos da Corrente Astral de Umbanda, guardando-a, fiscalizando-a. Poderosas falanges de Pretos-Velhos, Caboclos etc., somente aguardam a ordem de imediata execução.

Porque, em relação direta com o Brasil, a Corrente Astral de Umbanda, uma das mais fortes integrantes do GOVERNO OCULTO DO MUNDO, também recebeu a incumbência de agir no sentido de preparar as ditas condições para a descida do Cristo Planetário.

Já afirmavam, há muitos anos, os nossos Pretos-Velhos:

“do escurecer deste fim de tempo (deste ciclo),

ao clarear do outro, Pai Oxalá vem à Terra”...

É preciso, é necessário sabermos que isto tem que acontecer. Estamos às vésperas de tremendas agitações e reformas sociais, religiosas etc. Estamos às vésperas da fome, de epidemias e de uma convulsão vermelha, isto é, o sangue regará a terra, a ambição escurecerá ainda mais as consciências, e o egoísmo do homem cavará seu próprio túmulo.

Tal é o estado de endurecimento das consciências, que jamais se viu tanta riqueza e tanta miséria... um paradoxo.  Nunca se viu valer tanto o sexo, o sensualismo, a luxúria e o dinheiro como agora. Nem nos tempos de Nero com suas bacanais... Nunca se viu imperar tanto a magia negra para fins sexuais como agora.

Desvirtuaram tanto os puros sentimentos da mulher, que hoje em dia, ela se preocupa mais em ostentar o corpo do que com as coisas do próprio lar... e o homem passou a vê-la mais com os olhos dos instintos, do que com os olhos do coração. Infelizmente.

E é por tudo isso que surgem os médiuns, os missionários, instrutores, tudo de acordo com as condições de suas correntes afins, cada um cumprindo a sua parte, contribuindo para que as verdades sejam ditas, todos a seu modo, para que se cumpra a Lei de Evolução dos Seres.

A Umbanda e o Evangelho do Cristo

Dentro desse poderoso movimento religioso chamado Umbanda, existe o lado interno ou oculto, que são os seus aspectos filosófico, mágico, astrológico, terapêutico, fenomênico, etc., contudo, a par desses aspectos temos o lado puramente religioso.

O trabalho das Entidades na Umbanda consiste em fazer-nos compreender, progressivamente, as leis do Pai-Eterno, nos conduzindo a Deus Uno, através de Jesus, o nosso Oxalá.

Não se pode falar sobre o conteúdo da Umbanda, sem relembrar o conceito simples quanto aos Evangelhos, Jesus e Deus-Pai, em face dessa mesma Umbanda.

As Entidades da Umbanda dão, como “pão de cada dia”, a mesma doutrina, os mesmos princípios morais que norteiam os Evangelhos do Cristo. E para que se ensine a pura doutrina de Jesus, não é imprescindível que se tenham na mão os livros atribuídos a Ele, citando trecho por trecho, capítulo por capítulo.

Sabemos que esses Evangelhos, escritos por terceiros, ou seja, segundo Marcos, Matheus, Lucas, etc., surgiram dezenas de anos após a passagem do Cristo pelo planeta Terra e estão cheios de contradições, interpolações e mesmo de adaptações segundo as conveniências religiosas da época e das que sucederam. No entanto, as Entidades de Umbanda respeitam e pregam o respeito aos citados Evangelhos, embora prefiram ensinar deles aquelas regras ou princípios morais espirituais que realmente traduzem a Palavra do Cristo, porque foram estabelecidos ou ensinados por Ele mesmo, nas primitivas fontes iniciáticas, religiosas, sacerdotais, etc.

Sempre existiram, enfim, nas antiqüíssimas “Academias” ou ditos como “Colégios de Deus”, praticamente caídos no esquecimento pelos véus da História ou mesmo da chamada tradição iniciática.

Em suma: os preceitos fundamentais do Cristo Jesus, que são as leis eternas de Deus-Pai, já tinham sido implantados e podem ser até identificados, em sua essência ou natureza, nos ensinamentos contidos nas obras sagrados de vários povos ou raças, milhares de milhares de anos antes que surgissem os Evangelhos e mesmo a Bíblia.

A doutrina de Jesus, tão antiga quanto as Eternas Verdades, jamais foi privilégio ou monopólio de uma religião ou de uma raça. Ela sempre foi relevada, em todos os tempos, de todos os modos, pois é infantil conceber-se que, somente há 2.000 anos, essa doutrina tivesse surgido, com o meigo Jesus, que teve o cuidado de afirmar não vir ab-rogar a Lei, e sim, confirmá-la...

E ainda disse mais:

“a minha doutrina não é minha,

 mas Daquele que me enviou” 

                                                              (João, VII,16).

Dos Evangelhos, então, segundo aqueles que os escreveram e que deram margem a tantas dúvidas ou interpretações quanto ao sentido ou autenticidade disso ou daquilo, surgindo até cisões, é inegável, é incontestável a moral crística. Não seria necessário repisarem tanto esses Evangelhos, se todos quisessem abrigar lentamente em seu coração o

"amai-vos uns aos outros

                                         tanto quanto eu vos amei"...

Nisso está contida a suprema-moral e o verdadeiro caminho. Todavia é recomendável que lembremos da beleza espiritual e a sublime humildade do Sermão da Montanha e sobre o qual todos os umbandistas sinceros precisam meditar. Ei-lo:

 

"Bem-aventurados os pobres de espírito,

porque deles é o reino dos Céus;

Bem aventurados os que choram,

porque eles serão consolados;

Bem aventurados os mansos,

porque eles herdarão a terra;

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,

porque eles alcançarão misericórdia;

Bem-aventurados os limpos de coração,

porque eles verão a Deus;

Bem-aventurados os pacificadores,

porque eles serão chamados de filhos de Deus;

Bem-aventurados os que sofrem perseguição,

por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;

Bem-aventurados sois vós, 

quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós, por minha causa”

(Matheus, 5,6,7).

E ainda:

"Não façais a outrem aquilo que não quereis que vos façam...",

 "Perdoai 70 vezes 7",

 "Fora da Caridade, não há salvação".

Isso é a essência fundamental de tudo. É o bastante. Encerra o todo. Quanto ao mais, são variações. E são esses preceitos morais-espirituais, que os Guias e Protetores esses "caboclos e pretos-velhos", vêm ensinando, nas adaptações simples e diretas, criando imagens e exemplos que possam ser impressos vivamente na mentalidade dos que ainda custam a absorver até o sentido simples da letra, quanto mais o sentido oculto ou profundo.

O Astral Superior nos aconselha a fugir, tanto quanto possível, dessa repetição, incessante, quase mecânica, incisiva, comumente empregada por aqueles que pregam e doutrinam.

Muitos o fazem, quase sempre, de forma contundente, como a exigir que a natureza espiritual dos indivíduos dê saltos repentinos no entendimento. Não! A maioria das criaturas está situada em certos graus de entendimento ou de alcance, cuja fórmula absorvível de doutriná-la tem que sair de um "figurino". Tem que haver uma introdução, uma adaptação, que dependerá de um trabalho psicológico a ser feito com muita paciência e tolerância.

E é assim, que fazem os espíritos que militam na Umbanda, procurando introduzir, de mil formas, esses princípios essenciais na mentalidade de nossos "filhos de terreiro", sempre que temos oportunidade, sob a forma de um conselho, de uma advertência, de um exemplo qualquer etc.

Quando essa coletividade umbandista atingir certa maturidade espiritual, por certo que os Evangelhos, assim como outras obras, serão comentados sem os véus e sem as humanas interpretações.

Realmente, esses são os preceitos evangélicos que enfeixam tudo. Fora deles não há salvação, porque apontam o caminho da evolução, pela compreensão das leis do Pai, por intermédio de Jesus – o Oxalá de nossa Umbanda.

Jesus no conceito da Umbanda

Nosso Senhor Jesus Cristo é o Regente Superior Cármico da Humanidade, ou seja, de todos os seres encarnados e desencarnados, que têm no planeta Terra seu “campo experimental”, evolutivo.

Está em Suas divinas mãos o leme do destino dessa mesma Humanidade. Para isso, Ele veio relevar essa Regência, diretamente, quando, há mais de 2.000 anos, se fez identificar como Jesus, testemunhando pelo sacrifício da cruz, toda sublimidade, toda renúncia, todo amor do Grau Crístico que Lhe é próprio.

Existem, tantas interpretações sobre a individualidade do Cristo-Jesus, quantos são os entendimentos nas Escolas filosóficas e nas Religiões.

De um lado se diz que o Cristo se apresentou na Terra, em corpo fluídico; de outro, que encarnou mesmo, num corpo físico (o de Jesus – filho de Maria); de mais outro, que o Jesus era, apenas, o médium do Cristo, assim como outros Profetas, no passado; de mais outro lado ainda, se afirma que Ele sempre reencarnou nos diferentes ciclos cármicos de uma raça ou de outra, a fim de relembrar a Lei do Pai, de vez em quando completamente postergada. E ainda se diz, também, que Jesus teve carma evolutivo, igual ao nosso, passando por todas as experiências as quais nós vamos passando, até quando atingiu o seu grau Crístico (ou cristófilo). Também se prega que Ele é o filho único, exclusivo, do Pai-Eterno como se o Pai o “criasse” como uma exceção suprema, sobre todos os demais Seres Espirituais.

No entanto, o Cristo, identificado como Jesus – filho de Maria, jamais teve carma-evolutivo ou condicionado, conforma o nosso, que está ligado à Natureza, à roda das sucessivas encarnações.

Vamos entender isso melhor...

Existem Duas Linhas de Ascensão ou de Evolução para os Espíritos. Uma, independe de matéria (ou energia-massa). Esta é a Linha de Evolução Original. Tem sua ação nas regiões do espaço cósmico (infinito e ilimitado), vazio de galáxias, de sistemas planetários, ou corpos celestes, porque, lá, nessas regiões, não existe energia, ou seja,  nem uma só partícula de energia tem penetração.

Nestas regiões, os Seres espirituais seguem a sua linha de evolução, dentro de um ritmo próprio, com aspectos diferentes desse carma-humano.

Lá só habita uma Realidade e essa, são os Seres Espirituais, isto é, os Espíritos, em suas próprias condições de pureza, ou seja, completamente isentos de quaisquer veículos formados por essa dita energia cósmica.

Habitam, porque é onde têm sua Linha de Ascensão Original ou seu Reino Virginal. Aí, não existem veículos físicos nem astrais ou fluídicos. No entanto, num certo instante-luz da eternidade, resolveram descer a essas regiões, onde a natureza cria formas e revela qualidades – o Reino Natural ou Universo Astral – a segunda Linha de Evolução.

Essa segunda Linha de Evolução ou de Ascensão depende de matéria ou de energia-massa, isto é, de galáxias, de sistemas planetários, etc.

Todos os espíritos que formaram essa humanidade (encarnados e desencarnados) desceram, de livre vontade, à essa zona eletromagnética, onde, depois, se formou o atual planeta Terra.

Fizeram assim, usando do livre-arbítrio, que foi a percepção própria de suas consciências, reveladas por Deus, que permitiu essa descida, em virtude de, dentro de sua infinita perfeição, jamais cercear a livre manifestação da vontade, que traduz afinidades virginais dos Seres espirituais.

Desta forma, descemos da primeira Linha para a segunda.

O Cristo-Jesus, é claro, também veio da primeira porém, já com o seu grau Crístico, de sua Hierarquia. Ele foi o enviado pelo Pai-Eterno, para socorrer e guiar a nossa Humanidade – essa mesma formada pelas legiões de espíritos que no princípio das coisas (antes de se formar o planeta Terra), desceram, espontaneamente, a essa zona cósmica, onde matéria ou energia massa tem domínio.

Vendo a Sabedoria Divina que essas legiões de espíritos – que somos nós, encarnados e desencarnados de agora – tinham descido e já estavam envolvidas pela poeira atômica, já sujeitas a seus turbilhões, próprios de sua natureza, já enfrentando novas condições, devido a esse contato e condições essas que desconheciam ou ignoravam antes, constatou assim que se debatiam num caos, tal a confusão que o dinamismo de suas próprias vibrações espirituais causaram por acréscimo nessa dita natureza, que hoje em dia é chamada pela ciência da Física, de energia-massa ou matéria.

Era mesmo o caos – o princípio de que nos fala a Bíblia. E foi em conseqüência disso tudo que a Sabedoria Divina ou Deus-UNO enviou, da Hierarquia Crística ou Planetária, vários ESPÍRITOS PUROS a fim de reajustar essas legiões de espíritos, que se debatiam às cegas, dentro dessa nova condição, nesse caos, que seria, como foi e é, um novo “campo experimental”, bem como, pela necessidade que surgiu de reorganizá-las (a essas legiões), ainda dentro de um novo carma.

Dentre esses Espíritos Puros se encontrava o Cristo-Jesus, nosso Regente máximo, nesse 5º Ciclo Cármico[3] conforme citado. 

Nesse Ciclo se darão profundas transformações nessa Humanidade, sob todos os aspectos.

Quando essa atual Humanidade estiver no meio desse 5º Ciclo, daqui a milhares e milhares de anos, estará em tal estado de adiantamento espiritual que as concepções de hoje, as mais profundas é claro, lhe parecerão infantis.

Como exemplo de relação, fica sabendo que existem planetas habitados por Seres Espirituais em tal estado de adiantamento, em tal grau de evolução que, para eles, as nossas mais altas aquisições filosóficas, científicas, religiosas, sociais, etc., são etapas superadas há milhões de anos e que a lembrança disso tudo apenas consta em seus arquivos astrais.

É preciso considerarmos como justa verdade, já firmada por entidades luminares de outras correntes, que o nosso planeta Terra, isto é, sua Humanidade, é uma das mais atrasadas, sob todos os aspectos, dentro desse ilimitado panorama cósmico espiritual.

Então, de acordo com tudo o que foi dito, é fácil compreender por que, na Umbanda, JESUS – o nosso meigo Oxalá, é considerado como o Deus do planeta Terra.

Todas as Entidades, trabalhadores espirituais de sua seara, não importa sob que forma ou aspecto, trabalham, incansavelmente, para implantar suas leis, sua doutrina no coração dos filhos-de-fé.

[1] Podemos citar Nina Rodrigues (Os Africanos no Brasil, 1894 e L’Ânimisme Fetichiste des Negres de Bahia, 1900), João do Rio (As Religiões no Rio, 1904), Manoel Quirino (A Raça Africana e seus Costumes na Bahia, 1917), Donald Pierson (Brancos e Negros na Bahia, 1935), Roger Bastide (Imagens do Nordeste Místico, 1945) e outros.

[2] o termo Umbanda é um mantra

[3] Segundo várias Escolas iniciáticas, estamos entrando nesse 5º Ciclo

Pesquisa: Graça Costa (Yacyamara) - TUCAT 

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