Aspectos Históricos da Umbanda - O Espiritismo

O Surgimento do Espiritismo

O espiritismo surgiu nos Estados Unidos, a partir das primeiras manifestações (ruídos de pancadas e movimentação de móveis), ocorridas com as irmãs Fox, quando ainda eram crianças em 1848. As notícias do fenômeno se espalharam e sessões espíritas começaram a ser realizadas por toda a parte, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.

Contudo, foi com Alan Kardec[1], pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail, que esses fenômenos passaram a ganhar credibilidade.

Nascido em Lyon, na França, em 1804, Alan Kardec formou-se em letras e ciências e doutorou-se em medicina na Suíça. Em 25 de março de 1856, numa sessão, Kardec recebeu, através de uma médium, a informação de que dali por diante, um espírito denominado “A Verdade”, seria o seu guia espiritual. 

Em 18 de abril de 1857, publica O Livro dos Espíritos, e após outras obras: O Evangelho Segundo o Espiritismo, A Gênese, O Céu e o Inferno, O Livro dos Médiuns, O Que é o Espiritismo e Obras Póstumas. Kardec faleceu no dia 31 de março de 1869, em Paris, aos 65 anos de idade. Na França de hoje, não há mais de mil adeptos do espiritismo.

No Brasil, na segunda metade do século XIX, surgem os novos ricos, os senhores do café, com suas imensas fortunas, obtidas com a lavoura do café.  Eles faziam constantes viagens principalmente a Paris, que era na época o maior centro cultural do mundo.

Nesta época, a sociedade brasileira absorveu rapidamente todas as novidades vindas da França, tais como a moda, ciência, perfumaria, etc. Uma dessas novidades eram os fenômenos espíritas.

Por volta de 1863 o Espiritismo foi introduzido no Brasil e teve sucesso imediato. Nessa fase inicial era praticada pelos intelectuais, médicos, engenheiros, funcionários públicos e universitários.

Com relação às tradições africanas e ameríndias, o kardecismo estabeleceu uma relação ainda mais discriminatória do que a adotada pela Igreja Católica, considerando os espíritos de índios e negros como atrasados e carentes de luz. Kardec, entretanto, não escreveu uma linha a respeito da inferioridade espiritual de qualquer raça humana, mas os seguidores associam freqüentemente os comentários do autor frances, sobre a existência de espíritos atrasados, embrutecidos ou materialistas a esse dois segmentos da sociedade brasileira.

Dentro da prática do Espiritismo, quem em vida não houvesse sido importante, não tinha o direito de se manifestar nas chamadas sessões espíritas. Por isso, um espírito que havia sido um escravo, era de imediato convidado a se retirar da sessão.

Os reflexos dos desmandos espíritas no século XIX fizeram se sentir ainda mais, quando uma dissidência entre seus líderes originou duas correntes: os espíritas que se preocupavam apenas com as manifestações espíritas em si, chamados espíritas científicos e os que se preocupavam com a parte doutrinária da religião, chamados místicos.

Lutas, dissensões, represálias, perseguições, um mundo enfim de atividades nocivas caracterizavam o movimento espírita no final do século XIX.

[1] Alan Kardec era um pseudônimo que lhe fora revelado como sendo o nome da ultima encarnação na Terra, quando viveu como um druida na antiga Galia.

Pesquisa: Graça Costa (Yacyamara) - TUCAT 

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