Ancestralidade Relígio-científica da Umbanda x Ciências Sociais: Atentar para as diferentes perspectivas
Pergunta:
´´Há teorias novas de vários autores, sociólogos e pesquisadores do culto, que diferem muito das suas, gerando ´´confusão´´. O que o senhor tem a dizer sobre isso?´´
Matta e Silva:
´´Cremos que certos autores e pesquisadores estão decalcando suas teorias das coisas que foram ver e observar nessa vivência atrofiada de terreiros sem base, por meio de um animismo desenfreado, difuso e confuso, eles não são iniciados e nem revelaram ter cultura esotérica. Não enxergam o trigo no meio do joio. Existe uma grande diferença entre o narrar fantasias, lendas e místicas doentias e o levantar e sustentar a filosofia de uma doutrina, enfim, de um sistema religioso, espíritico, mágico, mediúnico e esotérico. Essa é que é a verdade.´´
Matta e Silva não criticou tão simplesmente, no sentido do desprezo etnocentrista, certas manifestações religiosas no Brasil, mormente, aquelas externalizadas por via das religiões de matrizes indígena e africana. Na realidade, o seu encaminhamento crítico, de "separar o joio do trigo", deu-se, no que diz respeito à seleção de valores através da fundamentação da iniciação na Proto-Síntese da Ancestralidade Relígio-científica da Lei Umbanda, adaptada para este ciclo no Brasil, como um dos caminhos para a evolução espiritual do indivíduo, de maneira que foram por ele situados, aspectos importantes na medida em que buscou-se distinguir sobre:
- o que é da parte das crendices, superstições e mitos aleatoriamente atualizados na cultura popular e;
- o que é do contexto de um caminho iniciático, que, através de chaves de conhecimento magístico facilitadoras ou catalisadoras (que podem de fato mobilizar o fluído-matriz magnético ou a Magia enquanto força básica do Espírito) , podem descortinar a via de regra de um conhecimento espiritual ou de revelação gradual da realidade espiritual do indivíduo.
Assim, observa-se certos equívocos, estabelecidos por crenças confusas e, até onde podemos ver, sem uma base argumentativa bem elaborada ou qualificada, que assim buscam rotular à obra literária de Matta e Silva como sendo elitista ou etnocentrista. Por conseguinte, tal posicionamento configura uma avaliação ´´rasa´´ ou superficial, possivelmente pautada em uma vivência espiritual atrofiada nos terreiros, como ele mesmo situou.
Quando se diz ´´vivência espiritual atrofiada´´ deve-se entender a distinção entre sabedoria e intelectualidade, pois a primeira concerne à dissolução do ego para que o Plano do Espírito possa manifestar-se. Enquanto que a segunda, quando encaminhada de forma isolada, visando unicamente a exteriorização do ego, tem como efeito o seu contínuo fortalecimento em prejuízo da revelação daquilo que é próprio do Plano Espiritual Maior na consciência do indivíduo..
Portanto, deve-se atentar para a diferença entre a iniciação na Umbanda e a perspetiva das Ciências Sociais ou Humanas, que situam seus objetivos (materialistas) para satisfazerem necessidades relativas ao fundamental interesse voltado para o estudo do homem em sociedade, dentro de um cenário descontextualizado com uma vivência espiritual transcendental.
Ciências Sociais ou Humanas - Segundo Lakatos e Marconi, possui uma perspectiva relativa ao campo superorgânico. Isto é, com interesse voltado para o estudo de eventos que ocorrem no mundo dos seres humanos em interação e nos produtos dessa interação: linguagem, religião, filosofia, ciência, tecnologia, ética, usos e costumes e outros aspectos culturais e da organização social. Trata-se dessa maneira de uma estrutura de conhecimento circunscrita ao plano de vivência do ser humano no mundo físico.
Iniciação na Umbanda Esotérica - Vide com calma e introspecção necessários, as 9 obras de Matta e Silva e dialogue com o seu Mestre Interior, na certeza de que as respostas, virão no seu tempo certo.
Santa Paz
Tarso Bastos