Quedas e fracassos de médiuns

 

quedas, fracassos

Esses são assuntos áridos, sobre os quais todos se escusam de falar ou de escrever e, quando o fazem, é por alto, indiretamente...

 

Nós vamos abordar essa questão de maneira mais direta possível, pois visamos
assim, tão-somente, a levar um brado de alerta àqueles que estão predispostos a esses erros e mesmo para os que já caíram neles, visto termos a esperança de que nossa sincera advertência ainda possa chegar a tempo do recuo, da salvação ou da regeneração...

 

Ora, é com grande tristeza, bastante desolado mesmo e sem o menor resquício
de querer ser melhor do que ninguém (pois também temos nosso karma bem pesado, por erros de pretérito), que vimos, dentro de uma serena e acurada observação, quase que direta, sobre pessoas e casos, testemunhando, constatando, como é grande o número de médiuns fracassados ou decaídos e, o que é pior, sem termos visto ou sentido neles o menor desejo de reabilitação sincera, pautada na escoimação real de suas mazelas, de suas vaidades, de suas intransigências etc.


O que temos observado cuidadosamente na maioria desses médiuns-fracassados
são os tormentos do remorso que, como chagas de fogo, queimam-lhes a consciência, sem que eles tenham forças para se reerguerem moralmente, pois se enterraram tanto no pântano do astral-inferior, se endividaram tanto com os “marginais do astral” que, dentro dessa situação, é difícil mesmo se libertarem de suas garras...

 

Isso porque o casamento de fluidos entre esses médiuns-fracassados e esses
“marginais do astral” – os kiumbas – já se deu há tanto tempo, que o divórcio, a
libertação se lhes apresenta dentro de tais condições de sofrimento, de tais impactos, ainda acrescidos de renuncia indispensável a uma série de injunções,
que o infeliz médium-decaído prefere continuar com seus remorsos...

 

É duro, duríssimo mesmo, se libertar de um kiumba que entrou, há muitos anos,
na faixa de um aparelho pelas suas antenas mediúnicas em distúrbio e cujo legítimo protetor ou guia – caboclo ou preto-velho – o tenha abandonado por causas morais, principalmente quando o seu caso foi sexo ou dinheiro.

 

Mas situemos desde já, dentre os diversos meios pelos quais os médiuns têm fracassado, os três aspectos principais ou os três pontos-vitais que os precipitam nos abismos de uma queda mediúnica etc. Ei-los:

 

I – A vaidade excessiva, que causa o empolgamento e lança o médium nos maiores desatinos, abrindo os seus canais-medianímicos a toda sorte de influências negativas.

 

II – A ambição pelo dinheiro fácil, exaltada pelo interesse que ele identifica nos
“filhos-de-fé” em lhe agradar, em lhe presentear, para pedir favores, trabalhos, pontos, afirmações etc., que envolvem elementos materiais.

 

III – A predisposição sensual incontida, que lhe obscurece a razão, dada a facilidade que encontra no meio do elemento feminino que gira em torno de si por interesses vários e que comumente se deixa fascinar pelo “cartaz” de médiumchefe... de “chefe-de-terreiro”, babá etc.

 

Como a coisa começa a balançar a moral-mediúnica desses aparelhos?

 

O 1º CASO – O da vaidade excessiva: uma criatura, homem ou mulher, tem o dom mediúnico. Naturalmente que o trouxe de berço, isto é, desde que se preparava para encarnar. Em certa altura de sua vida, manifesta-se a sua mediunidade. Eis que surge o protetor – caboclo ou preto-velho.

 

Como no médium de fato e da Corrente Astral de Umbanda a entidade também é de fato, é claro que ela faz coisas extraordinárias. Cura. Ajuda. Aconselha. Tem conhecimentos irrefutáveis etc...

 

São tantos os casos positivos do protetor através da mediunidade do médium, que logo se forma em torno dele uma corrente de admiração, e de fanatismo também.


A maioria dos elementos que o cercam, diante das coisas que vêem, são levados
a agradar, a bajular, e com essas coisas, inconscientemente, vão-lhe incentivando a vaidade latente. Isso de forma contínua. A maioria desses médiuns não estudam, porque também não receberam ou não se interessam por uma preparação mediúnica adequada.


O protetor faz o que pode e deve (respeitando o livre-arbítrio), isso é, ensina, doutrina, alerta pelos canais mediúnicos: na manifestação, nas intuições, nos avisos etc.

 

Mas acontece sempre que o médium, devido a fortes predisposições à vaidade, começa por não dar muita atenção aos conselhos, às advertências que o seu protetor vem fazendo... chega a ponto de se julgar o tal, quase um “pequenodeus”. Ele pensa que a força é dele... que o protetor é dele – é propriedade sua...

 

O médium vai crescendo em gestos, em palavras, pois que todos se acostumam a acatá-lo em respeitoso silêncio, quando não, pelo medo ou por interesse próprio... Vai crescendo a sua vaidade e logo começa a fazer exibições mediúnicas...

 

Ele começa a praticar uma coisa que será fatalmente a sua cova... Passa a “trabalhar” sem estar corretamente mediunizado (ou seja, pede apenas a irradiação do “guia” de sua preferência sobre ele). A sua entidade protetora pode usar certos meios para manifestar o seu desagrado, mas respeita também o seu livre-arbítrio, é claro... pois até as Hierarquias Superiores respeitam esta faculdade.

 

Então, começam os desatinos, as bobagens e as confusões e a respectiva falta de penetração nos casos e coisas. Começa a criar casos, a ter preferências e outras coisas mais. Não obstante as reiteradas advertências do protetor, ele continua... Eis que surgem os “transtornos”. Os seus canais-mediunicos, dada a faixa-mental que ele criou com os efeitos de sua excessiva vaidade, abre portas aos kiumbas, que entram na dita faixa...

 

Daí tem início uma série de absurdos, de envolvimento negativos etc. O ambiente do terreiro sai da tônica de outrora. Tudo se altera. Nessa altura o médium percebe apavorado que o seu protetor mesmo – aquilo que era bom, foi
embora... deixou de sentir a positividade de suas fluidos benéficos...

 

No principio ele tem um tremendo abalo...depois...ah! depois, ele vai se acostumando com os fluidos dos kiumbas etc., e mantém a sua excessiva vaidade de qualquer forma... não quer perder o “cartaz”...

 

Porém, as curas, a antiga eficiência, não há mais... muitos percebem e dão o fora... compreendendo que o “seu fulano não é mais o mesmo” e alguns até passam a olhá-lo com desprezo... e se afastam ironizando dele, muito embora, no passado, tenham se beneficiado com sua mediunidade.

 

O pobre médium que fracassou pela excessiva vaidade no íntimo é um sofredor, muitos se desesperam com o viver da arte de representar os caboclos, os pretos
velhos etc... Enfim, ser um “artista do mediunismo” também cansa, porque a “descrença” é o “golpe de misericórdia” em suas almas.

 

O 2o CASO – O da ambição pelo dinheiro fácil. Aqui é preciso que se note a diferença entre o médium de fato que cai pela ambição desenfreada do vil metal e do “caso” em que se incluem centenas e centenas de espertalhões, desses vândalos que usam o nome da Umbanda e de suas entidades a fim de explorarem a ingenuidade da massa, de todas as maneiras. Esses são bem reconhecidos... Seus “terreiros” são enfeitados, há muita bebida, os “comes e bebes” são constantes, há muita roupagem vistosa, enfim, esses “terreiros” se caracterizam pelos cocares de penas multicores, pelos tais capacetes de Ogum, pelas espadas, pelas capas de cores, pelos festejos que fazem sob qualquer pretexto, onde os médiuns exibem tudo isso e mais os pescoços sobrecarregados de colares de louça e vidro como se fossem “condecorações”... Tudo nesses ambientes é movimento, encenação, panorama...

 

São verdadeiras arapucas, onde tudo é duvidoso. Por ali se paga tudo. Desde uma consulta até um dos tais “despachos”, até as famigeradas “camarinhas” com seus obis e orobôs para “firmar o santo na cabeça”... do paspalhão que acredita nisso. Esses antros de exploração, que chafurdam o bom nome da Umbanda na lama da sujeira moral e espiritual, são fáceis de ser reconhecidos. De vez em quando os jornais dão notícias deles...

 

Mas voltemos ao caso do médium de fato, que fracassou pelo dinheiro...

 

É sabido que a Corrente Astral de Umbanda manipula constantemente a Magia positiva (chamada de magia-branca) sempre para o bem de seus filhos-de-fé ou para qualquer um necessitado, venha de onde vier...

 

A magia, dentro de certas necessidades ou casos, requer determinados elementos materiais. São velas, flores, ervas, plantas, raízes, panos, pembas e até o fumo e certas bebidas... O fato é o seguinte: quando há mesmo necessidade disso, a entidade pede e a pessoa TRAZ, ou providencia, satisfazendo a Lei de Salva (O que uma entidade pede, independente de seu médium, dentro da Lei de Salva, numa operação mágica, é uma coisa. E o uso legal da Lei de Salva por um médium-magista, é outra coisa. Em nossa obra a caminho do prelo “Umbanda e o poder da mediunidade” está esclarecida, de vez, essa questão).

 

A coisa quando é manipulada pelas entidades – os caboclos, os pretos-velhos costuma sempre dar certo. O resultado é satisfatório... De sorte que quase todo mundo que “gira” pelos terreiros, pelas Tendas, sabe disso. Daí é que entra na observação do médium a facilidade, a presteza com que as pessoas se dispõem a fazer um “trabalhinho” para o seu bem, para abrir ou melhorar seus caminhos, etc....

De princípio ele obedece tão-somente às ordens do seu protetor, quanto a esses
aspectos. Depois, através de presentes, de agrados diversos dos beneficiados, ele começa a pensar seriamente na facilidade do dinheiro...

 

Então lança mão de uma chave: a questão da salva...em dinheiro para seu anjode-guarda, para o cambono etc.

 

Aí, já começou a imperar nele a ambição pelo ganho fácil, por via desses trabalhos... Então, começa a exceder a regra da salva (dentro da magia) e sobre a qual ele já foi bem esclarecido, porque essa salva existe, na Umbanda em relação com a Quimbanda. E como é isto? Diremos: o médium recebe ordens para fazer determinado trabalho, reconhecidamente necessário, quer seja para um “desmancho” de baixa-magia, quer seja para um encaminhamento ou desembaraço qualquer de ordem material ou de um proveito qualquer, tudo dentro da linha justa, isto é, que jamais implique no prejuízo de alguém... Quer seja uma descarga, um “desmancho” ou proveito qualquer, se for manipulado dentro da movimentação de certas forças mágicas e que impliquem em elementos de oferenda para certas falanges de elementares, à pessoa para quem é feito esse trabalho se pede a dita salva. Essa salva pode constar de certo número de velas ou de azeite para iluminação ou para posterior uso do médium ou de uma compensação financeira relativa, da qual parte deve ser dada de esmola pelo dito médium, na intenção de sua guarda. Essa é uma lei da magia que existe, nós não a inventamos, nem ninguém, e sobre a qual não podemos nos estender em detalhes maiores.

 

Todavia, devemos esclarecer que essa lei de compensação da Magia, ou para os trabalhos de cunho nitidamente mágico é indispensável. E uma espécie de fator de equilíbrio entre a ação, a reação e o desgaste relativo ao operador (Então repisemos: é claro que estamos fazendo referência aqui aos médiuns-magistas, isto é aqueles que sabem e podem movimentar elementos de ligação mágica, para fins adequados... Não estamos incluindo nisso essa “corja” de espertos, de exploradores que interpenetram o citado meio umbandista, justamente para fazer meio de vida, criando a indústria de umbanda. Porque essa “máquina” está montada e é impressionante verificar como funciona E a propósito: Aqui cabe a todos os umbandistas dignos que felizmente existem aos milhares, fazer a seguinte pergunta: que fazem essas tais “uniões, federações, primados, confederações, colegiados e congressos” que, nunca jamais em tempo algum ousaram levantar suas vozes em defesa da dignidade dessa mesma Umbanda, desses mesmos caboclos e pretos-velhos, desses mesmos “orixás” que dizem representar...)

 

Na Umbanda, já o dissemos: essa lei (ou esse fator) se denomina Salva, e é tão
antiga que podemos identificar seu emprego entre os primitivos e verdadeiros Magos e Sacerdotes Egípcios, com a denominação de Lei de AMSRA.

Disso também nos falam os Rosacruzes em seus ensinamentos ou instruções internas (esotéricas).

 

Agora, compete ao magista, seja ele de que corrente for, não abusar, não exceder, não ambicionar, não derivar para o puro lado da exploração...

 

Ora, o médium-magista então, ambiciosamente, começa a abusar disso. Começa
por se exceder na lei de salva, pedindo mais dinheiro. Passa a cobrar grosso em
tudo e por tudo. Inventa “trabalhos” de toda espécie, assim como “desmanchos” e afirmações para isso e aquilo...

 

E os aflitos, os supersticiosos, os impressionáveis, os filhos-de-terreiro, dão e sempre com prazer, visto esperarem sempre uma melhoria ou uma vantagem qualquer por via disso (aliás a tendência da maioria das pessoas que freqüentam “giras”, é pagar, gostam de o fazer).

 

Assim – ele, o médium – de tanto fazer trabalhos materializados, sempre por conta própria, mas tudo relacionado com os “exus” (que é o espantalho para essa maioria de ignorantes, de simples, de ingênuos etc.) e que envolvem materiais grosseiros, acaba chafurdado na vibração pesada dos espíritos atrasados, que passam a rondá-lo ou a viver em torno dele, ansiosos por esses tipos de oferendas...

 

A sua entidade protetora, como sempre, já lhes deu vários alertas que ele não levou na devida consideração, pois o dinheiro está entrando que é uma beleza...

 

E nessa situação o aparelho já está “cego e surdo” a qualquer advertência e o seu caboclo ou o seu preto-velho, que, para ele, já são incomodativos, visto temer que se manifestem mesmo de fato nele e levantem toda essa sujeira, desmoralizando-o (como tem acontecido), se afastam e deixam-no envolvido  com o baixo-astral, com quem já esta conluiado... pois ele, o médium, tem o sagrado direito de usar o seu livre-arbítrio como bem queira... já o dissemos.

 

Porém, chega dia em que esse infeliz aparelho necessita de uma firme proteção para um caso duro e apela para a presença do verdadeiro guia e NADA... Abalado, dentro de um tremendo choque, aterrado mesmo, ele verifica que os fluidos são de exu e de outros, bastante esquisitos e que lhe causam mal-estar e que não tinha percebido antes, claramente.

 

Alguns ainda param, fazem preceitos, para o anjo da guarda, enfim, pintam o sete, para ver se o protetor volta... porém, NADA...

Então, comumente se deixam enterrar mais ainda nesses aspectos, porque afinal de contas o dinheiro é coisa boa e traz muito consolo por outros lados.

 

Todavia, apesar da fartura do dinheiro fácil reconhecem depois de certo tempo que é um dinheiro maldito... passam a viver com a consciência pesada, irritados e sempre angustiados. O fim de todos eles tem sido muito triste... ou surgem doenças insidiosas, ou os vícios para martirizá-los por toda a vida ou acabam seus dias na miséria material, pois a moral já é uma cruz que ele carrega desde o princípio de seu fracasso mediúnico...

 

Agora falemos do 3o CASO – A queda pelo fator Sexo. Esse é um dos aspectos mais escabrosos, um dos mais escusos e uma dos mais difíceis de ser perdoados pela entidade protetora...

 

É um caso que está intimamente ligado ao 1o, ou seja, o da vaidade excessiva. Um se completa, quase sempre, com o outro, e às vezes os três juntos.

 

Temos em nossos 26 anos de Umbanda, assistido, constatado, identificado, positivamente, a situação ou as condições de vários médiuns que caíram desastrosamente por causa do elemento sexo...

 

É que esse é um dos fracassos mais duros de ser suportado, não resta a menor dúvida, porque mais do que nos outros, a MORAL do médium fica na LAMA em que ele se SUJOU. Por mais que eles digam e se desculpem de toda forma, ninguém se esquece, ninguém consegue apagar da lembrança a causa do seu fracasso....

 

É uma MANCHA, que, mesmo que ele tenha se regenerado completamente, mesmo assim, não se apaga...

 

Já dissemos como é que o médium de fato é logo envolvido pelas criaturas, com
admiração, bajulações e fanatismo. Ele sente um constante endeusamento em torno de si e quase que sem sentir vai caindo na faixa da vaidade.

 

Particularmente (convém repetir) se sente muito visado pelo elemento feminino, que tem a propensão para se deixar fascinar pela mediunidade, mormente quando a vê num homem bem apessoado.

 

Bem, todo médium que trabalha na faixa da luz, no combate a todas as mazelas, especialmente contra o baixo-astral – convém sempre que o lembremos – é avisado constantemente pelas entidades protetoras de que sua regra de todo instante é o “orai e vigiai”...

Por quê? Porque o baixo-astral que ele contraria, por força de sua mediunidade positiva, fica na sombra aguardando uma oportunidade para atacá-lo...

 

Logo, se ele tem um ponto fraco qualquer, nesse caso, uma forte predisposição sensual, é certo que esse mesmo baixo-astral lançará mão de todos os recursos para instigá-lo nessa parte...

 

Então, como não podem atacar diretamente, costumam fazê-lo, lançando sobre ele a tentação do sexo através de algum elemento feminino que o cerca e que por sua própria natureza é fraco. Isso no caso do homem-médium. No caso da mulhermédium é a mesma coisa. Essa cai mais depressa. Lançam o elemento masculino sobre elas e pronto... quase não tem muito trabalho, pois a mulher tem uma ponte de contato maior, muito maior do que o homem, para o baixo-astral – é sua natural vaidade que é logo decuplicada... e pronto... é difícil escapar (há exceções, é claro. Estamos nos referindo à causa comum do fracasso).

 

Mas que não haja dúvidas do seguinte: o médium é alertado, pela sua entidade protetora, de todos os aspectos negativos que o cercam. Exercem uma constante vigilância sobre ele e nada acontece a esse médium se ele está dentro da moral ou da “linha justa”. Agora, se esse médium, usando de seu livre-arbítrio, dentro de uma incontida predisposição, já por ter criado pela vaidade uma série de condições negativas, vira as costas à moral e à “linha justa”, construiu a ponte de contato mental ou vibratório para as influências inferiores. Dentro dessas condições ele está repelindo as influencias benéficas e protetoras de suas entidades, que se vêem jogadas a um segundo plano...

 

E é por tudo isso que, nessas questões, nesses casos de médiuns-fracassados por causa de forte incontinência sexual ou pelo irrefreável sensualismo em torno de mulher ou moça de seu próprio terreiro, não tem desculpa... ou melhor: um ou outro, excepcionalmente, dadas certas condições particularíssimas de sua vida, foram desculpados, porém, dentro do ultimatum de ser o primeiro e o último...

 

Porque, infelizmente, é duro mas nós vamos dizer: todos os fracassos, todas as quedas de médiuns, quer seja homem ou mulher, tem se dado, invariavelmente, com elementos ou criaturas que estão dentro do terreiro ou que fazem parte do corpo-mediúnico, isto é, criaturas que estão sob a responsabilidade moral e espiritual do médium-chefe...

 

Não é que estejamos nos arvorando de Juiz – longe disso! Quem somos nós para isso... Estamos nos baseando, tão-somente, na observação fria, no fato inconteste de que, quase todos eles – os médiuns decaídos – foram abandonados pelos seus protetores imediatamente e esses protetores não mais voltaram...

E se abandonaram e não mais voltaram é porque não desculparam o ERRO ou os erros... E é claro, patente que, se esses protetores não mais voltaram a ter ligações mediúnicas com o seu “aparelho”, é porque ele NÃO SE REGENEROU, não entrou no sincero arrependimento, indispensável à verdadeira reintegração moral-mediúnica...

 

Assim falamos porque, além da observação direta, além dos esclarecimentos dados sobre o assunto por uma entidade amiga, temos acolhido as lágrimas de remorso de inúmeros irmãos que foram, no passado, médiuns de fato e que depois de terem usufruído por muito tempo de toda uma aparente situação, acabaram rolando pelo caminho da doença, da miséria material e moral...

 

Assim, queremos reafirmar aqui, em tintas negras, para esses irmãos médiuns que estão predispostos ou que PROSTITUIRAM a sua mediunidade e que CONTINUAM dentro dessas condições, isto é, sem terem até o presente procurado o caminho da REGENERAÇÃO, sinceramente, humildemente, que a LEI É DURA e eles não podem nem imaginar o ABISMO DE HORRORES que os esperam do outro lado da vida...

 

Esses médiuns decaídos, fracassados, que persistem no caminho do erro, quando desencarnarem se verão face a face com o cortejo de horrores, blasfêmias, ameaças e clamores de vingança daqueles que eles envolverem em suas tramas de erros, interesses mesquinhos, por via de seus trabalhos, de suas consultas erradas, de toda má orientação que deram a seus semelhantes. Por via da influência inferior que acolheram.

 

Verá todo aquele baixo-astral, que ele arrebanhou para servi-lo através dos preceitos grosseiros em que ele se transviou, RIR SATÂNICAMENTE, fazendo valer seus diretos de conluio, isto é, arrebatá-lo para o seu lado...

 

Verá, quando transpuser o túmulo (se desprender dos laços carnais, pela “morte”) como num panorama tétrico, o desfilar em sua própria consciência de todos os seus desacertos.

 

A sua imaginação apavorada, exaltada, fará uma revisão tão precisa de seu passado, que tremendos pesadelos astrais o acometerão como hediondos fantasmas que não dominará e nem sequer poderá afastar de sua mente espiritual... Angustiado, acovardado, se verá presa desse astral-inferior e dos irmãos que ele enganou e prejudicou na vida terrena...


Ele será arrebatado – quase sempre é assim – pelo astral inferior por muito tempo, até que a Providência Divina lhe dê uma chance para libertação...

 

Agora devemos reafirmar duas coisas. 1a – Que nem todos os médiuns, por que são da Corrente de Umbanda e por força dessa circunstância tem de lidar com os
efeitos do baixo-astral, tendem fatalmente a serem atacados, a serem envolvidos, enfim, a fracassar... Não! Nos da corrente dita como kardecista, essas situações também acontecem ... “aqui como lá, maus fados há”...

 

Conhecemos também vários médiuns de fato que tem a proteção do seu “caboclo, de seu preto-velho”, desde o princípio, há 15, 20 e mais anos. Nunca se desviaram da linha-justa e nunca sofreram nada a não ser as naturais injunções ou provações de seus próprios karmas...

 

A 2a reafirmação é a seguinte: que no caso de todos os médiuns fracassados, os
seus protetores muito lutaram para evitar as suas quedas; fizeram o possível e o “impossível”. Muitos desses “caboclos, desses pretos-velhos”, chegam até a disciplinar, a castigar mesmo o aparelho, antes do abandono final. Por vezes, jogado numa cama, com pertinaz moléstia, por meses e até por um, dois e mais
anos.

 

Dão-lhes certos tombos na vida material. Fazem ficar desempregados, passando
necessidades etc. É como se diz na “gira de terreiro”... “fulano está apanhando que só boi de canga”...

 

Esses médiuns que estão dentro dessas condições disciplinares ficam revoltados, chegam até a xingar os seus guias etc., e costumam “correr outra gira”, para ver “o que é que há com eles”.

 

E lá vão se queixar ao protetor do outro, que naturalmente já sabe do que se trata. É quando “preto-velho” diz com muita propriedade: “em surra de pretovelho eu não boto a mão”... ou então, “quando caboclo bate, não reparte pancada”...

 

Depois de uma séria disciplina, alguns desses médiuns se emendam, ficam com medo e não facilitam mais, isto é, começam a dominar a excessiva-vaidade ou voltam à linha-justa quanto à ambição pelo dinheiro ou às cobranças desregradas, ou sobrepujam as suas predisposições sensuais incontidas...

 

Porém, a maior parte desses médiuns, mesmo passando por uma disciplina, um duro castigo, mesmo assim, voltam a inclinar-se desastrosamente nas antigas e adormecidas predisposições... então “caboclo ou preto-velho”, vê que não há mais jeito... não adiantou o castigo, nem advertência, nem nada...


Assim, é um fato, é uma verdade que nenhum desses médiuns-fracassados ficou
com o seu protetor, em sua guarda, depois de terem errado, persistindo no erro.

 

Esses “médiuns” costumam se desculpar, depois, dizendo que caíram vítimas de demandas muito fortes etc... mas não! Foi “força de pemba” mesmo. Foi a Lei que faz executar sobre eles o “semeia e colhe”...

 

A “força de pemba” às vezes é tão grande, desce com tanta rapidez sobre o médium que prostituiu sua mediunidade que muitos são levados ao suicídio, à embriaguez e a vergonhas maiores...

 

Você, meu irmão umbandista (ou não) que acaba de ler tudo isso, sabe lá o quão doloroso é, para um médium, depois de ter sido admirado, acatado, respeitado, tido sua fase de glória mediúnica, acabar completamente desmoralizado, desprezado, em face de sua moral-mediúnica, sua moral-doméstica e social que ficou a ZERO?....

 

Porque, meu irmão umbandista – cremos que você compreendeu bem o caso – não é o erro em si, porque errar é humano e afinal todos nós podemos escorregar, de uma forma ou de outra! A questão é cometer o mesmo erro, é persistir nos MESMOS ERROS. Caboclo e preto-velho não são CARRASCOS, mas não podem acobertar erros nem a repetição dos mesmos erros....

 

Fonte: Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda

Autor: W. W. da Matta e Silva YAPACANI