Casos e Coisas de Umbanda Caso A

caso A

 

Casos e coisas de Umbanda

Extraído do livro Umbanda e o poder da Mediunidade de W.W. da Matta e Silva.

 

PAI G... QUEBRANDO MAGIA NEGRA, DENTRO DA LEI.

 

Há mais de quinze anos, tínhamos o nosso terreirinho em certa localidade e por ali processávamos nossas sessões, auxiliado por um elemento feminino que era nosso “cambono”( ou auxiliar direto) de fé, que chamaremos de Maria. Essa criatura já nos seguia há muitos anos e era “cambono” do Pai G...

 

Vivia Maria em comum com um excelente rapaz que chamaremos de Mario, havia quase 10 anos.

 

Viviam bem, tinham um lar e a vida para eles transcorria em relativa paz e conforto. Devemos dizer que Maria lutou muito para o equilíbrio social de seu companheiro. Mas durante o tempo em que fomos fazer uma estação de repouso de três meses, no interior, aconteceu um desastre na vida de Maria...

 

Quando chegamos ela se apresentou completamente transtornada, perturbada mesmo, e chorando nos relatou o seguinte: Mario seu companheiro, estava transformado. Havia descoberto que estava de amores com uma moça (que chamaremos de Alice)... De pesquisa em pesquisa, Maria se inteirara dos detalhes desse novo amor de seu companheiro. A citada Alice era sobrinha de um famoso (na época “babalaô”), conhecidíssimo pela alcunha de Fulano Coral e que Mario já estava frequentando o terreiro dele, com Alice...  A separação estava praticamente resolvida por ele, de vez que a pressionava constantemente para o rompimento final.

 

Todavia, ela nutria ainda por ele grande afeição, mesmo porque já viviam juntos, e muito bem, durante longos anos. Quer Maria quer Mario eram frequentadores de nossa humilde “gira”, pois, conforme dissemos, ela era nossa “cambono”.

 

Portanto, nada mais logico do que mandar chama-lo para clarear a situação. Antes de qualquer coisa, queremos dizer que verificamos estar Maria debaixo de tremendas cargas do astral inferior, tudo indicando ser “coisa feita ou mandada”... Mario compareceu, com Maria, ao nosso terreiro e, estando nessa ocasião incorporada em nossa esposa uma entidade de nome Tia Chica, submetemos a ela a questão, inicialmente. A citada entidade olhou para o Mario e começou a desfiar todos os seus movimentos com Alice e particularmente o que ocorria no terreiro de seu tio.

 

Disse, mais, que esse casamento (de Alice e Mario) estava praticamente resolvido pelo tio (Fulano Coral) e ainda lhe perguntou se na ultima sessão não o haviam feito sentar numa cadeira, onde havia, ao lado, um gato. Tudo foi confirmado pelo rapaz. Foi quando Tia Chica lhe disse:

 

Ainda a tempo de suncê se livrar disso tudo, qué”?

 

Ao que Mario respondeu: “Deixa como está para ver como vai ficar”.

 

Foram embora e, no outro dia pela manhã, nosso ”cambono” nos procurou para dizer que o Mario já havia partido, com  tudo que lhe pertencia, ao encontro de Alice.

 

Foi quando Pai G... Entrou diretamente na questão, e teve um sério entendimento com Maria, dizendo-lhe que não lhe adiantaria prosseguir com aquele rapaz, pois ele antes mesmo dos processos de magia negra usados pelo tio de Alice, já estava “virado” pela moça. O que cabia era esquecer, pois ninguém é obrigado a viver com ninguém em regime de força. Porem cumpria rebater a demanda, os excessivos trabalhos forçados que o tio “babalaô” de Alice tinha endereçado contra ela, a ponto de ficar no presente estado de transtorno psíquico.

 

Imediatamente deliberou executar um serio trabalho (“na linha das almas”, ou seja, relativo às entidades conhecidas como, Exu Caveira, Exu Cruzeiro e outros dessa faixa). Tudo marcado, subimos para certo local do mato, às vinte e uma horas de uma segunda-feira, apenas três pessoas: eu, minha esposa e Maria nosso “cambono”... Lá chegando, demos logo passividade ao Pai G...que começou a trabalhar com certos materiais, inclusive:--vinte e uma penas brancas da cauda e da asa de um galo, as quais (segundo relato posterior) ia queimando, e pondo as cinzas numa tigela de louça branca, que continha uma espécie de mingau, e outros ingredientes, uma estatua pequenina de madeira de um santo (coisas que, naturalmente, foram usadas por lá). Disseram-nos as duas acompanhantes que jamais passaram por tamanho estado de excitação espiritica e emocional, como aquele que delas se apoderou durante o trabalho feito pelo Pai G... No final desse trabalho o citado Pai G... que era a ultima vez que fazia esse tipo de trabalho, pois assim procedia forçado pelas circunstancias, para salvar a vida do “cambono”: o seu caminho era de luz e esse tipo de trabalho não clareava... “escurecia sua luz”.

 

Porém anotassem o seguinte: ­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­-­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­-cada pena queimada era um dia de luta e no final dos vinte um dias, tudo estaria no seu devido lugar. Aguardasse porque “a força de pemba era lei e a lei ia cumprir-se. Quem semeou ia colher”. Disse ainda que esse caso estava encerrado para ela, Maria, de vez que Mario jamais voltaria à sua vida, mas que para o tio “babalaô” e sua sobrinha Alice tinha muita cobrança a se executar.

 

Passaram-se dezessete dias, quando, lendo uma revista de ampla circulação na antiga Guanabara, tomamos conhecimento, atraves de sensacional reportagem, do suicídio de Fulano Coral, o qual, antes de tão trágico gesto, naturalmente dentro de certo orgulho, para não confessar, deixou escrito que se suicidava por questões intimas, e nunca “por força de pemba”.

 

O suicídio desse famoso “babalaô” da época foi comentado e interpretado de varias maneiras, a qual  não nos cabe aqui contradizer, apenas estamos relatando a fria realidade de certos fatos a ele ligados, e cujos personagens envolvidos diretamente na questão estão quase todos ainda vivos.

 

Houve o desencarne também de Alice, a sobrinha do famoso “babalaô” ,antes dos sete anos de vida conjugal com Mario, de baixo de circunstancias que passaremos a relatar.

 

Todas as pessoas, assim como Mario, sua irmã E, o esposo L, que foram padrinhos daquele casamento, que haviam frequentado nosso terreiro por muito tempo, e somente se afastando em consequência desse caso, porem continuando a se dar conosco, pediram-nos certa ocasião, encarecidamente, que fossemos a sua residência, fazer uma caridade a Alice, que desejava muito falar com Pai G...

 

Fomos. E lá o Pai G... Pode chegar à presença de Alice. Pelo que soubemos posteriormente, mantiveram longa conversação, e por certas nuances pudemos perceber que Alice, levada talvez pelo remorso do mal que ajudara a fazer, desejava ardentemente se libertar disso perante o dito Pai G...

 

Assim de lá nos retiramos, também satisfeitos por termos cumprido a nossa parte.

 

Passado um ano e pouco, encontramo-nos com Mario, que muito emocionado nos conduziu para dentro de um automóvel e relatou o seguinte: ”Há seis meses Alice tinha sido acometida de estranha doença, foi tratada com todos os recursos que a medicina pode empregar e, não obstante isso havia permanecido 19 dias quase inconsciente. No fim os médicos disseram que nada mais tinham a fazer; foi quando lhe quis procurar, mas não o fiz”. Disse ter sido encaminhado para certo terreiro onde expos o caso de sua esposa. Lá, explicaram toda questão. A coisa se prendia, desde o desencarne de seu tio, a certas cobranças, ainda em execução. Fizeram um trabalho após o qual Alice foi prontamente recuperada, saindo do hospital para sua residência, para uma vida normal. Entretanto, havia sido designado pelo terreiro um segundo e especial trabalho, que seria de grande importância para a vida de Alice. Tal trabalho foi realizado por Mario e outros, dentro de grande expectativa, porque se no cruzar da meia noite (estava condicionado a isso) as velas de cera empregadas no trabalho se apagassem a vida de Alice seria virtualmente cortada. Caso contraria, estaria salva. Mas, no auge da expectação, Mario viu quando exatamente à meia noite, se apagaram todas as velas, Três dias depois, perfeitamente bem de saúde física, quando conversava com o esposo, Alice desencarnou suavemente. Não havia ainda completado sete anos de vida conjugal.

 

Um comentário: O citado “babalaô”, com seus trabalhos de movimentação com o astral inferior (magia negra), perturbou o carma individual de Maria e Mario, que juntos, em lutas comuns, resgatavam, de vidas passadas, serias dividas.

 

Torceu vidas, empregando forças baixas, para dar a sua sobrinha aquilo que, certamente, não era o que lhe estava destinado dentro da Lei.

 

Note-se ainda que, com pomposo titulo de “Fulano Coral”, ele criou em muitas mentes duvidas e impressões, uma vez que o guia que assim se denomina, e que tinha sobre ele ordens e direitos de trabalho, não tem, e jamais terá objetivos tão baixos.

 

Usando esse nome, e orgulhoso da cobertura que essa entidade lhe deu no passado, desceu ao plano da vaidade e do domínio inferior. Desse modo, havia que colher o que semeara, recebendo o retorno de seus desmandos, de suas atividades escusas.

 

A entidade que se denomina Coral deixara, há muito, o seu aparelho ao léu... A fim de que aprendesse, nos aspérrimos caminhos do retorno, quanto doem a indisciplina e a fuga dos caminhos da Lei.

 

Mirem-se nesse espelho quantos por ai se arvoram a “mestres do assunto”.

 

O que houve de fato por baixo, pelo terra a terra, foi um retorno fatal, pelo entrechoque de uma demanda, sobre o tão endividado carma do “babalaô”.

 

Prevaleceram as ordens e os direitos de trabalho de quem estava em dia com a Lei, e essa se fez cumprir.

 

Eis um caso do qual o leitor deverá tirar suas conclusões, e naturalmente ficará ciente de que magia negra é perigosíssima, corta para cima e para baixo dá e tira.