Matta e Silva: Talismã, Cruz e Iniciação

A leitura da Obra de Matta e Silva pode em um primeiro momento, dar a impressão de um escritor com preconceitos diversos inimagináveis para os  dias de hoje.

Considerando a época em que seus livros  foram  escritos nota-se claramente a preocupação do Autor em atingir alguns outros  objetivos, que iam além da divulgação da Doutrina de Umbanda Esotérica.

Havia um objetivo secundário em sua literatura que dizia respeito  à necessidade de diferenciar o Rito e as Práticas preconizadas por Pai Guiné d’Angola das práticas utilizadas nos Terreiros de Umbanda  e mesmo dos Candomblés da época, que sob a responsabilidade das “Babás” mulheres, faziam, dentre outras coisas,  uso de roupas excessivamente coloridas e bordadas,  adornos, fetiches e etc.,  estimulando uma vaidade,  seguida pelos homens da Corrente, inadequada  para um ambiente espiritual.

Nota-se ainda uma clara referência às restrições do poder de atuação  das mulheres em outras Religiões, inclusive o próprio Candomblé africano. 

Tendo como fundamento a Bíblia, baseia-se em Moisés em sua Gênese, a condenação da mulher por sua precipitação e as consequências desse ato, como uma imposição da própria Lei Cármica.

Entretanto, ao sair do texto e entrar em contato com as pessoas que tiveram a oportunidade de conhecê-lo e, principalmente, fazer parte de sua Corrente Mediúnica podemos observar, através de arquivos de aúdio, que, na prática, seus conceitos a respeito da limitação das mulheres nos aspectos de Prática Ritualística, eram bem mais liberais e porque não dizer, realistas!

A realização de Batismos, até o 3º. Grau,  Limpeza de Chacras, Imantação de Objetos Litúrgicos,  já nos idos de 1979, era realizado, sob sua orientação, por mulheres que atuavam em função de Comando nos Terreiro da Raiz de Guiné.

Ler as Obras de Matta e Silva hoje impõe a todos não só a compreensão da sociedade da época, mas, sobretudo analisar todo seu conteúdo magístico, histórico e espiritual em detrimento de opiniões pessoais que certamente são revistas a cada momento em que a humanidade evolui.

 

Maio de 2015.                                                  

ADM

 

Orientações de Matta e Silva

Gravação realizada em 05/01/1979 na residência em Itacuruça de W. W. Da Matta e Silva

Agradecemos casal de Mestres Jairo Kariumá e Marielza Yaçuara, por brindar ao público com mais um arquivo histórico.

Agradecemos ao irmão Umbandista de são Paulo pelo envio da cópia desta gravação

Santa Paz em seus caminhos.