55- Paralelas Karmânicas: breves considerações

Paralelas Karmânicas: breves considerações

 

Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 2018

 

A Paralela Passiva da Umbanda não é meramente uma máquina de punição arbitrária

 

A chamada paralela passiva da Umbanda, estando assim, circunscrita ao Conjunto das Leis de Deus, não é de modo algum, um mecanismo simploriamente punitivo na acepção da palavra ou um sistema de castigo arbitrário.

 

Quando uma parte, neste caso um ego -- esteja este encarnado ou desencarnado -- tenta isoladamente predominar sobre uma outra parte, ou sobre várias partes à revelia das Leis Espirituais que partem da Totalidade ou de Deus-Pai, isso passa a configurar um quadro de doença ou de desordem na própria estrutura do dito ego, o qual será expresso no sistema humano e astral, primariamente coordenado pela Lei, como uma enfermidade, criando dessa forma uma dissonância nos vetores-mestres que propiciam o equilíbrio no nosso mundo astral e físico.

 

Portanto, não se trata de vingança dos Exus ou de uma mera reação arbitrária da parte deles, sobretudo, na condição de Agentes Kármicos com suas ordens e direitos de trabalho. Trata-se, em verdade, de promover um reajuste passivo daquele ego, que por si mesmo, não possui ainda a consciência, às condições e o amadurecimento necessários para ativamente -- dentro da Paralela Ativa da Umbanda -- se recompor, se reequilibrar, se reajustar moral e espiritualmente em harmonia com o Todo Maior. E assim, consequentemente passar a ser o construtor do seu próprio caminho, da sua própria vida, segundo os ditames que naturalmente partem do Plano do seu Espírito, o qual por seu lado, ainda que incriado, expressa diretamente a face original de Deus-Pai, sem quaisquer tipos de mediadores da atmosfera construída e constituída pelas concepções humanas, com suas ideologias, dentro de um macrossistema sobremaneira monolítico, atávico e limitado em relação à Realidade Espiritual Maior.

 

Paralela Ativa da Umbanda na Iniciação: a mobilização gradual e consciente da Magia, dita como Ciência Mater, para libertação final do Espírito

 

Eis a via de regra observada na iniciação da Lei de Umbanda; pois na medida em que o Plano do Espírito Virginal paulatinamente se revela para a consciência do ego -- destacado da Totalidade por sua própria escolha, a partir da sua queda do Reino Virginal -- este, passa a dispor de uma retroalimentação cada vez mais organizada e coerente com seu Plano Crístico, como seu Supremo Coordenador, revolucionando assim, todo o processo cognitivo do sujeito, na medida em que o autoconceito deste se amplia sobremaneira, passando a transcender a personalidade humana transitória com o foco reducionista nos sentidos físicos, os quais configuram um mundo ilusório.

 

Eis o caminho da iniciação que se desenrola na Paralela Ativa da Umbanda, que versa fundamentalmente sobre a gradual realização da Totalidade ou da Unidade na consciência do ser, ou da consciência do ser no Todo, que assim, repercutirá positivamente, transformando na Luz e pela Luz, os seus organismos mental, astral e físico, desbloqueando-os, portanto para a plena expressão do Espírito com o pleno uso do seu potencial magístico, enquanto força inerente ou básica Dele, a qual se traduz nessa via dependente de energia como a operacionalização do Fluído-matriz magnético ou da Magia.

 

O ego, dito aqui como a consciência obnubilada a partir do momento em que caiu nessa Via Kármica, passando com isso a ter um obscurecimento, em função dessa queda, de sua realidade ou verdade Virginal, em um processo de resgate, de retomada das condições para regressar a sua verdadeira Via Evolutiva no Reino Virginal, tem nesse processo de evolução consciente o que é chamado de Iniciação, a qual ficará mais evidente e será plenamente revelada na chamada: Paralela Ativa da Umbanda. Na medida em que o ego passar a percorrer essa Paralela de modo consistente observando diretamente sua facticidade por si mesmo, sem intérpretes ou mediadores, este passará a gradualmente comportar e conscientemente dinamizar, essa que é de fato a única  Força básica e essencial de que seu Espírito, se serve para imantar, atrair e fixar sobre si mesmo os elementos próprios de nosso Reino Natural em sua "natura naturandis", conforme nos diz Matta e Silva.

 

O ego, então, na medida em que vai percorrendo a dita Paralela Ativa, sendo um construtor e organizador ativo do seu caminho iniciático, vai recobrando sua Consciência Virginal pelo trabalho missionário, concomitantemente na proporção em que também vai equilibrando o seu carma ou queimando suas pendências karmânicas com esse reino. Assim,  ele vai ativamente aprendendo a conscientemente mobilizar essa força primordial, a qual segundo afirmou o velho Matta, desde sempre esteve com o seu Espírito como um fato próprio de sua natureza vibratória, assim conferida como uma mercê pelo Poder Supremo, desde o instante em que ele desejou essa Via Kármica dependente de matéria/energia.

 

Este Fluído-matriz magnético ou Magia  é desse jeito processado, mobilizado, operado ou movimentado em beneficio de todas as consciências que estejam necessitadas de acolhimento, propiciando ao ser a definitivamente superar assim, o seu Karma nesta via evolutiva, que ainda não é a sua original - e não para "brincar de mago" como alguns concebem.

 

Entendemos que as nove obras de Matta e Silva são de fato herméticas, porque não somente contém, como também disponibilizam para a consciência, chaves -- que são ELOS viventes da LEI -- que facultam o acesso às realidades magísticas superiores, que na medida do merecimento de cada um, poderão deflagrar processos de conscientização das Leis, que regem a dinâmica de movimentação e o conhecimento positivo para a operacionalização do Fluído-matriz magnético, para o "conhece-te a ti mesmo", na proporção em que o sujeito passar a se doar para a caridade no silêncio do templo.

 

Todavia, existe um primeiro e fundamental passo, para que o conhecimento e a habilidade de manejo ou movimentação deste tipo de conhecimento seja encaminhado positivamente: a reforma íntima; que deve ser feita de maneira despretensiosa de qualquer visibilidade e poder social, sem necessidade de "holofotes" ou de alarde, pois que o templo do Espírito é o silêncio absoluto, de modo que quando nada se espera de ninguém, tudo pode acontecer a partir do Todo.

 

Santa Paz

 

Tarso Bastos